sábado, 13 de junho de 2009

Educação corporativa não é treinamento!

Outro dia, contratamos um consultor na empresa onde trabalho, para atuar como um "educador corporativo". O objetivo não está em "treinar" as equipes, mas está em "educá-las". Dentro das empresas, entendo que deveria existir uma clara diferenciação entre treinamento e educação.

O treinamento (com o que as empresas normalmente se preocupam) deve estar voltado a desenvolver uma habilidade bem específica, como operar um equipamento, manter um sistema informatizado ou realizar algum procedimento rotineiro. A educação corporativa, por outro lado, deve ter por objetivo o aumento do pensamento crítico do indivíduo, a sua capacitação para aprender novos (diferentes!) conteúdos por sua própria conta (aprimorando o seu pensamento sistêmico) e a construção conjunta de novos modelos mentais. Em última análise, o treinamento capacita "o profissional", enquanto a educação desenvolve "a pessoa". E isso faz toda a diferença!

Na verdade, o consultor não vai desenvolver ninguém! Então - alguém poderia perguntar - por que o contratar? Porque ele fornecerá os meios para que cada funcionário se desenvolva. E isso é fundamental! Explico:

Primeiramente, a meu ver, o melhor programa de educação corporativa não é aquele que apresenta um imenso conteúdo a ser transmitido, mas o que desperta no funcionário o interesse e desenvolve nele o potencial de aprender.

Em segundo lugar, creio que para nós, adultos, a responsabilidade do desenvolvimento humano é, preponderantemente, de cada pessoa. É individual!

Nesse contexto, entendo que é função da empresa fornecer os meios para que se desenvolva, em cada funcionário, uma inquietude relacionada ao aprendizado. No caso específico do consultor contratado, caberá a ele despertar nos funcionários o "coração de estudante", para que possa continuar batendo pela vida toda e para que cada funcionário passe a buscar, por conta própria, o seu próprio desenvolvimento.

E quando esses dois fatores ocorrem (empresa fornecendo os meios e funcionários desejando o seu desenvolvimento pessoal e se empenhando para que ele ocorra) todos ganham: a empresa, os funcionários, os clientes e a sociedade como um todo.

Não tenho dúvida: esse é o melhor caminho para a real evolução!



Algumas considerações



Ao selecionar funcionários, ao invés de optar pelo que eles sabem fazer, sempre dou preferência pela sua disposição em
aprender a fazer (coisas novas).


E penso que isso vai ser cada vez mais comum nas admissões a empresas.



Uma empresa pode atrair talentos pelos salários que possa oferecer. No entanto, será cada vez mais difícil reter esses talentos se a empresa não lhes proporcionar o ambiente e os meios para um aprendizado contínuo.

O trabalhador de hoje percebe que está na era do conhecimento e enxerga claramente que, se não estiver mergulhado em um processo de contínuo aprendizado, acaba ficando rapidamente obsoleto.



Entristece-me muito quando vejo que um funcionário resolveu sair, optando por mudar para uma outra área da empresa, ou mesmo decidindo deixar a empresa. Alguns gerentes consideram apenas o conhecimento "explícito" daquele funcionário e entendem que ele poderá ser facilmente substituído por outro (o que provavelmente é verdade). Porém, cada pessoa carrega consigo conhecimentos "tácitos", que são próprios de cada ser humano.

Qualquer profissional - engenheiro, médico, mecânico, professor, cientista ou domador de leões - adquiriu um conhecimento que é seu e foi construído por conta própria. Este, chamado "tácito", é normalmente riquíssimo e muito mais difícil de ser substituído. É o conhecimento que deriva da experiência, da intuição, da sensibilidade.


Um funcionário com muitos anos dentro da empresa, comumente possui uma enorme experiência adquirida.

Desperdiçar o conteúdo da cabeça de um engenheiro (ou outro profissional) que se aposenta após 35 anos de atividade na empresa é o mesmo que queimar uma biblioteca de livros raros!


Uma idéia puxa a outra!



Pensar, em latim, pode ser expresso pelo termo cogitare.

Isso significa cogitar (que, na sua origem, quer dizer "desenvolver um pensamento atento, refletido e meditativo"), como também significa co-agitar, ou seja, "agitar junto", pensar em conjunto.

Tenho notado que o ato de "pensar em conjunto" parece ser mais usual em determinadas atividades humanas, do que em outras. Eu diria (claro, o assunto merece melhor análise!) que jornalistas, publicitários e arquitetos são normalmente mais propensos ao "pensar em conjunto" do que, por exemplo, cientistas, tecnólogos e engenheiros.

Os profissionais do segundo tipo (que são, ainda, mais individualistas) precisam, mais do que nunca, habituar-se ao pensamento em equipe.

Para isso, é necessário que aprendam a dialogar no padrão frescobol (onde um jogador "ajeita" a bola para que o outro acerte) e não no padrão tênis (onde a bola é "cortada" com o intuito de fazer o outro errar).

O pensamento em equipe e no padrão frescobol passou a ser fundamental, porque o mundo é carente de novos produtos e serviços, que partem de novas idéias, que por sua vez surgem de muitos (e livres) pensamentos. Nada melhor para isso do que "pensar em conjunto", de forma harmônica e com propósitos alinhados, pois assim, sem sombra de dúvida, todos perceberão, na prática, que...

...Uma idéia puxa a outra!


Lições


Ao escrever sobre a importância de fazer um planejamento olhando para o mercado, fiquei imaginando que isso seria o equivalente ao plano de vôo dos aviões (ou ao plano de viagem dos navios).

Antes de voar, o piloto sempre possui, com ele, um plano de vôo.

O que, obviamente, não é garantia de sucesso. Vide o que ocorreu recentemente com o AF 447.

Incidentemente, o referido avião, modelo A330 da Air France, é considerado um dos mais modernos e seguros do planeta!

Isso me lembra o Titanic, que também tinha essas mesmas características.

Ambos -modernos, seguros e com planos estabelecidos- terminaram, infelizmente... No mesmo lugar.

Que inúmeras lições podemos tirar disso!




Além da COMPETÊNCIA

Disseram-me que na equação que coloquei aqui, normalmente se usa o termo COMPETÊNCIA, ao invés de EXCELÊNCIA. Concordo que esse seja o termo mais usado, mas naquele post eu quis falar, de fato, em EXCELÊNCIA, que entendo estar além da COMPETÊNCIA.


Sobre a diferença entre COMPETÊNCIA e EXCELÊNCIA, gosto do seguinte exemplo:


Em uma grande empresa do Nordeste, trabalhava Álvaro, um empregado sério, dedicado, cumpridor de suas obrigações e, por isso mesmo, já com vinte anos de casa. Um belo dia, Álvaro vai até o dono da empresa para fazer uma reclamação.


- "Dr. Moacir, tenho trabalhado durante estes 20 anos em sua empresa com toda a dedicação e agora me sinto um tanto injustiçado. O Juca, que está conosco há somente três anos, está ganhando mais do que eu".


O patrão fingiu não ouvi-lo e foi logo dizendo:


- "Foi bom você vir aqui. Tenho um problema para resolver e você poderá ajudar. Quero oferecer ao nosso pessoal uma sobremesa após o almoço de hoje. Aqui na esquina há uma barraca de frutas. Por favor, vá até lá e verifique se eles têm abacaxi".


Álvaro, sem entender, saiu da sala e foi cumprir a missão a ele designada. Em cinco minutos estava de volta.


- "Como é?", disse o patrão.


- "Verifiquei, como o senhor mandou, e eles têm os abacaxis", respondeu Álvaro.


- "E quanto custam?"


- "Isso eu não perguntei não."


- "Há outra fruta que possa substituir o abacaxi?"


- "Também não sei, não."


- "Muito bem, Álvaro. Sente-se ali e me aguarde um pouco."


O patrão pegou o telefone e mandou chamar o Juca. Quando Juca entrou na sala, o patrão foi logo dizendo.


- "Juca, quero oferecer ao nosso pessoal uma sobremesa após o almoço de hoje. Aqui na esquina há uma barraca de frutas. Vá até lá e verifique se eles têm abacaxi."


Em oito minutos, Juca estava de volta.


- "E então, Juca?", perguntou o patrão.


- "Eles têm abacaxis, sim. Têm em quantidade suficiente para todo o pessoal e, se o senhor quiser, eles também têm laranjas e bananas."


- "E o preço?", indagou o patrão.


- "Bom, o abacaxi é vendido a nove reais o quilo, a banana a três reais e a laranja a quarenta reais o cento, já descascadas. Como eu disse que a quantidade que queríamos era grande, eles me concederam um desconto de 15%. Deixei reservado o abacaxi. Caso o senhor resolva, eu confirmo."


Depois de agradecer a Juca pelas informações, o patrão dispensou-o e voltou-se para Álvaro, na cadeira ao lado:


- "Você falou alguma coisa quando entrou na minha sala hoje... O que era mesmo?"


- "Nada sério, não, patrão..."



Na verdade, o que está sendo descrito aqui não é só da administração, ou da psicologia, ou da antropologia,... Mas também é bíblico! Veja:



Assim também vós,

quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei:

Somos servos inúteis;

fizemos somente o que devíamos fazer

(Lucas 17,10).






Duas considerações



Se você deseja criar "novos produtos", então faça um bom planejamento antes. Isso envolve, necessariamente, a identificação de mercados não atendidos.

Inventar "uma solução" primeiro, para depois sair procurando "um problema" para ela é, no mínimo, uma loucura! Um contra-senso!

São as necessidades que devem gerar as oportunidades. Nesta ordem, necessariamente!


Mantenha-se antenado! Não só nas tecnologias emergentes, mas também nas necessidades emergentes dos usuários.

Se sua intenção é levar a empresa em que você trabalha ao sucesso, ou pelo menos colaborar de alguma forma para que isso ocorra, então você precisa estar atento ao que acontece no mercado. Acompanhe as mudanças! Sinta as atmosferas! Seja um termômetro daquilo que acontece, pois só assim você poderá se antecipar aos demais e ajustar as suas ações de acordo com essas necessidades.


Internet exige novos modelos de negócios



Com respeito à gratuidade na web, não são só os americanos que estão retrocedendo, os ingleses também. E todo o planeta.

Produzir conteúdo, custa dinheiro. E veiculá-lo, requer banda, que também custa dinheiro.


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Os "e-books" estão chegando!

A indústria da música está assistindo à morte do meio físico para suas obras e ao nascimento de um novo mercado baseado inteiramente nos meios digitais.

A facilidade de obter músicas pela Internet, o baixo preço e a disponibilização de catálogos "infinitos" na rede, são algumas das vantagens da digitalização.

Perdoem-me por sempre puxar a sardinha para o lado da Apple (posto que sou seu antigo admirador e usuário de seus produtos e serviços) , mas sem dúvida foi necessário o lançamento do iPod e da iTunes Store para o mercado realmente mudar!

A pergunta agora é a seguinte: a mesma coisa ocorrerá com a mídia escrita?

O lançamento do novo Kindle é um fato importante, bem como a disponibilização do Kindle para iPhone. Isso permite a fácil e rápida aquisição de livros, revistas e jornais digitais, por meio de redes Wi-Fi ou de celular, eliminando-se a necessidade do PC.

O novo Kindle usa tinta eletrônica (desenvolvida no MIT, o que originou a criação da empresa e-Ink), e esta já está virando padrão na área dos livros eletrônicos. Ela não cansa a visão (pelo seu sistema especial de iluminação) e permite com que a bateria do equipamento dure muito mais.

Além disso, recentemente (na WWDC) foi anunciado o breve lançamento do ScrollMotion: novo aplicativo na área de livros digitais para iPhones, iPods e Macs.

Acredito que, à semelhança do que já ocorre com as músicas, em pouco tempo muitas pessoas vão preferir acessar livros, revistas e jornais por dispositivos móveis. São de fácil utilização , proporcionarão maior economia ao consumidor e, cada vez mais, produzirão satisfação em seu uso.

Diferencial competitivo: não adiantam, apenas, os sistemas!



Leia este artigo, da Info Corporate.

Destaco o seguinte trecho, em especial:

"Mais do que ter recursos para comprar ferramentas e sistemas, os que melhor dão resultado e levam a um diferencial competitivo são a
simplicidade, a criatividade e a motivação dos funcionários. De nada adianta ter o melhor sistema se há falhas nos processos ou equipes desmotivadas. Processos, pessoas e sistemas devem estar harmonizados e trabalhando bem. É preciso arrumar tudo desde o início, primeiramente entendendo qual é a missão da companhia".

O vencedor, muitas vezes, é o último!

Na dita "relação causa-efeito", ser o primeiro é o efeito (isto é, a conseqüência)!

A clareza de objetivos (com a percepção do valor daquilo que se deseja fazer) e a busca da perfeição no fazer, são as causas.

A vontade, como disse em um post anterior, é crucial. Mas ninguém poderá ser o primeiro apenas por desejar ser, mas também por preparar-se para ser.

E, para esses, o mais relevante não é receber "o título" de primeiro, pois o prazer está, na realidade, na percepção do valor do que se faz. E, assim sendo, é difícil não ser o primeiro (seja lá o que isso signifique... Na verdade, "ser o primeiro" é um conceito que depende do valor que se atribui a ele, bem como da disposição que se tem para "pagar o preço" necessário).



Muitas vezes, o primeiro não é o mais veloz, mas o mais persistente. Aquele que resiste, o que (sem jamais esmorecer) fica tentando... E tentando... E tentando... Até o final!

Este é o último (no sentido de ser o que fica até o fim) e, bem por isso, torna-se o primeiro (o vencedor!).


Raciocínio de "designer"


Entendo que todo administrador ou gerente deve entender, pelo menos um pouco, de predominância cerebral.

Está comprovado que o lado esquerdo do cérebro lida principalmente com linguagem, lógica e tempo; enquanto que o lado direito, principalmente, com emoção, imaginação, visão, intuição e orientação espacial.

Assim, exemplificando, engenheiros tendem a ter predominância cerebral do hemisfério esquerdo. Arquitetos e designers, do lado direito.

Entendo que, nos dias de hoje, o "raciocínio de designer" passou a ser condição essencial para que se gerem produtos e serviços simples e fáceis de usar.


Apesar de eu ser um engenheiro de formação, entendo que empresas onde maioria dos técnicos têm “raciocínio engenheiro” (Microsoft e IBM, por exemplo) tendem a supervalorizar a técnica e a negligenciar o que eu chamo de "felicidade de uso". Por outro lado, empresas que misturam pessoas com diferentes predominâncias de hemisfério cerebral, e valorizam aquelas com "raciocínio de designer" (Apple e Google, por exempl0), focam na usabilidade e atingem mais e melhor a “felicidade de uso”.


E isso vende, pois é o que as pessoas querem (experiências boas e prazerosas no uso das coisas)! Leia mais sobre isso aqui, aqui e aqui.



quinta-feira, 11 de junho de 2009

Para que pensar com qualidade?



Outro dia, estava em um grupo de reflexão, sendo que reproduzo aqui (com algumas considerações pessoais) alguns dos assuntos que foram abordados:

1. Compreender o valor da opinião contrária é aprender com ela. Aproveitar as diferenças é sinal de inteligência.

2. Com a sua capacidade infinita de criar e renovar-se, o homem tem o poder de mudar a si mesmo e ao mundo que o rodeia. Aí reside a responsabilidade da quebra de paradigmas (isto é, da "cultura geral vigente"), pois podemos mudar o comportamento através da mudança do pensamento!

3. Engana-se quem diz que o homem é um animal que sabe pensar. Na verdade, a inteligência é uma dádiva divina, mas cabe ao homem continuamente investir em aprender a pensar.

O ato de pensar não é uma dádiva apenas; depende também da vida social!

Podemos, sim, afirmar que o que difere o homem dos demais animais é a inteligência (além da afetividade, mas essa é conversa para outra ocasião), porém não se deve esquecer que o que difere os homens uns dos outros é a qualidade do pensamento.

Das sagradas escrituras, aprendemos que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, na inteligência e na vontade. Da biologia, aprendemos que o pensamento é uma reação química, própria dos neurônios e de suas sinapses. Da sociologia, retiramos que o pensamento é um atributo a ser aprendido através do convívio. Já a filosofia nos diz algo como "pensamento é o outro nome que se dá ao destino".

Todas as definições estão corretas, sendo sua principal virtude instigar-nos à relevância do assunto, para a vida de cada um de nós.

Hoje, creio que a qualidade humana mais desejada para profissionais de todas as áreas é a capacidade de pensar adequadamente (ao contrário do que já foi em outras eras, em que se desejavam pessoas que não pensassem, mas que fossem apenas capazes de realizar trabalhos repetitivos. Pensamento atrapalhava, pois desenvolvia a crítica).

4. O ato de pensar com qualidade resulta em comportamentos capazes de construir um trabalho dotado de dois componentes: produção e felicidade. Produzir sem ser feliz lembra a escravidão dos primeiros séculos de nosso país. Por outro lado, tentar ser feliz sem produzir resvala para a futilidade e para a ilusão.



A força da vontade

Certamente, um inconformismo me persegue! Trata-se de uma intranqüilidade com respeito ao estado atual das coisas, acompanhada de um desejo de mudar.

Sobre isso, muitas vezes eu me perguntava: será que é algo já estava no meu DNA? Ou foi desenvolvido com o tempo? Ou, quem sabe, possa ter sido a influência de um texto que uma vez eu li, o qual muito me influenciou?

Depois, pensando melhor, cheguei à conclusão que "mudança" não é coisa do meu DNA especificamente, mas é algo que está no "DNA da humanidade", pois creio numa permanente predisposição humana à evolução.

Talvez o "desejo", sim, seja uma particularidade. Passei a dar valor para a vontade e a entendê-la como um elemento crucial para o desenvolvimento humano.

As pessoas entendem o valor da evolução, mas é preciso que se desenvolva "a vontade" de mudar. E isso ninguém pode fazer pelo outro, pois ter vontade é uma decisão pessoal!

No meu entendimento, para que um profissional seja excelente, são necessárias três condições fundamentais: saber, poder e querer.

Ao associar essas três características, não tem saída: o resultado é a excelência!

Assim, vou arriscar, aqui, a formular uma equação:




Qual é o seu talento?

(clique na tira para ampliá-la)


Havia um homem muito rico, possuidor de vastas propriedades, que era apaixonado por jardins. Os jardins ocupavam o seu pensamento o tempo todo e ele repetia sem cessar: O mundo inteiro ainda deverá transformar-se num jardim. O mundo inteiro deverá ser belo, perfumado e pacífico. O mundo inteiro ainda se transformará num lugar de felicidade.

As suas terras eram uma sucessão sem fim de jardins, jardins japoneses, ingleses, italianos, jardins de ervas, franceses. Dava muito trabalho cuidar de todos os jardins. Mas valia a pena pela alegria. O verde das folhas, o colorido das flores, as variadas simetrias das plantas, os pássaros, as borboletas, os insetos, as fontes, as frutas, o perfume… Sozinho ele não daria conta Por isso anunciou que precisava de jardineiros. Muitos se apresentaram e foram empregados.

Aconteceu que ele precisou de fazer uma longa viagem. Iria a uma terra longínqua comprar mais terras para plantar mais jardins. Assim, chamou três dos jardineiros que contratara, e disse-lhes: Vou viajar. Ficarei muito tempo longe. E quero que vocês cuidem de três dos meus jardins. Os outros, já providenciei quem cuide deles. A você, Paulo, eu entrego o cuidado do jardim japonês. Cuide bem das cerejeiras, veja que as carpas estejam sempre bem alimentadas… A você, Hermógenes, entrego o cuidado do jardim inglês, com toda a sua exuberância de flores espalhadas pelas rochas… E a você, Boanerges, entrego o cuidado do jardim mineiro, com romãs, hortelãs e jasmins.

Ditas essas palavras, partiu. Paulo ficou muito feliz e pôs-se a cuidar do jardim japonês. Hermógenes ficou muito feliz e pôs-se a cuidar do jardim inglês. Mas Boanerges não era jardineiro. Mentira ao oferecer-se para o emprego. Quando ele viu o jardim mineiro disse: Cuidar de jardins não é comigo. É demasiado trabalho…

Trancou então o jardim com um cadeado e abandonou-o. Passados muitos dias voltou o Senhor, ansioso por ver os seus jardins. Paulo, feliz, mostrou-lhe o jardim japonês, que estava muito mais bonito do que quando o recebera. O Senhor dos Jardins ficou muito feliz e sorriu. Hermógenes mostrou-lhe o jardim inglês, exuberante de flores e cores. O Senhor dos Jardins ficou muito feliz e sorriu.

E foi a vez de Boanerges… E não havia forma de enganar: Ah! Senhor! Preciso de confessar: não sou jardineiro. Os jardins dão-me medo. Tenho medo das plantas, dos espinhos, das lagartas, das aranhas. As minhas mãos são delicadas. Não são próprias para mexer na terra, essa coisa suja…

Mas o que me assusta mesmo é o fato das plantas estarem sempre a transformar-se: crescem, florescem, perdem as folhas. Cuidar delas é uma trabalheira sem fim.

Se estivesse em meu poder, todas as plantas e flores seriam de plástico. E a terra estaria coberta com cimento, pedras e cerâmica, para evitar a sujeira. As pedras dão-me tranqüilidade. Elas não se mexem. Ficam onde são colocadas. Como é fácil lavá-las com esguichos e vassoura! Assim, eu não cuidei do jardim. Mas tranquei-o com um cadeado, para que os traficantes e os vagabundos não o invadissem.

E com estas palavras entregou ao Senhor dos Jardins a chave do cadeado. O Senhor dos Jardins ficou muito triste e disse: Este jardim está perdido. Deverá ser todo refeito. Paulo, Hermógenes: vocês vão ficar encarregados de cuidar deste jardim. Quem já tinha jardins ficará com mais jardins.

E, quanto a você, Boanerges, respeito o seu desejo. Não gosta de jardins. Vai ficar sem jardins. Gosta de pedras. Pois, de hoje em diante, irá partir pedras na minha pedreira…

Esse texto é uma adaptação - criada por Rubem Alves (Gaiolas ou Asas – A arte do vôo ou a busca da alegria de aprender - Ed. Asa, Porto, 2004) - da Parábola dos Talentos (Mateus 25, 14-30), a qual, independente da crença que cada um tenha, entendo que todos deveriam ler e refletir sobre ela.


quarta-feira, 10 de junho de 2009

Blog da Petrobras?





Digital na concepção



Grande parte dos jornais e revistas on-line são adaptações (muitas delas, bem mal elaboradas!) das suas versões físicas originais.

A Salseiro é a primeira revista digital voltada exclusivamente ao público universitário, tendo sido concebida especificamente para o meio on-line.

A produção é da Digital Pages, empresa responsável por publicações digitais da Editora Abril, O Estado de S.Paulo, Avon, e de diversas outras organizações.

Mais sobre o assunto aqui.


Iniciativa própria



Muitas vezes pensamos que estamos sendo pró-ativos, mas na verdade estamos simplesmente respondendo a estímulos externos. E isso é outra coisa: é reatividade!

Teste aqui e verifique se você realmente é (ou não é) uma pessoa pró-ativa.


Novos padrões na mídia



O Huffington Post é um integrador de notícias e opiniões que está inovando na área da comunicação, ao focar em jornalismo investigativo.

É impressionante a quantidade de acessos que possui, o que tem atraído grandes verbas publicitárias.

A sua fundadora, Arianna Huffington, ao receber seu prêmio no The Webby Awards, soltou (de forma irônica) a seguinte frase:

-"Eu não matei os jornais. OK?"!!!