domingo, 19 de agosto de 2012

Tempos Modernos


Enquanto o Google tem novo QG em Londres, está em construção a nova sede da Apple na Califórnia.

O que se nota é que os dois locais parecem mais clubes do que locais para se trabalhar!

De fato, as direções das duas empresas querem romper com a imagem que as pessoas cultivam acerca do "local de trabalho" nos últimos 250 anos, desde o começo da Revolução Industrial, que mais se assemelha a uma fábrica ou ao modelo de escritórios.

A fábrica --a despeito de sua modernidade técnica, como mostrou Charlie Chaplin em Tempos Modernos--, acabou estigmatizada como o locus da desumanização do indivíduo. O escritório, por sua vez, apesar dos confortos materiais que representam uma evolução gigantesca em relação à fábrica, acaba hoje sendo visto de maneira caricata: é o lugar onde vamos para cumprir metas e não exatamente para pensar e criar, verdadeiros objetivos do trabalho na Economia do Conhecimento.

Com o tempo, muitas empresas deverão seguir a tendência apontada por Apple e Google, se quiserem atrair e reter talentos.

As que não seguirem e insistirem em permanecer como mosteiros medievais --inorgânicos e desconectados da vida real da imensa maioria das pessoas-- perderão espaço e só conseguirão manter em seus quadros as pessoas que já não foram absorvidas pelas empresas de nova geração.

Para finalizar: especialmente a Geração Y não permanecerá mais em ambientes que continuarem com a cara e a mentalidade da Revolução Industrial!


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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Google Wallet



Outro arraso será o Google Wallet.

O poderoso cartão Discovery foi a mais recente adesão.

Em breve, deixaremos de pagar contas com os tradicionais cartões de crédito que passam pelas maquininhas (as "leitoras"). Pagaremos pelo celular!


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Tsunami no mercado de tablets?


A entrada do tablet Surface deve causar uma significativa perturbação no mercado.

Muitas empresas vão preferir o equipamento da Microsoft, se ele vier realmente compatível com os aplicativos para desktop da MS.

E se o Surface sair por $199 como se especula, a perturbação virará um tsunami!


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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O boi que pensava

Era uma vez um boi que pensava... ele via seus amigos da boiada se divertindo, saboreando do pasto gostoso, bebendo da água fresca, lambendo o sal mineral... e adoravam ficar embaixo das mangueiras... à sombra. Os bois não pensavam. Mas ele, não se sabe por que, começou a pensar. E como adquiriu o pensamento, ficou curioso. E foi ver o que acontecia na vida dos bois, depois que eles eram tirados dos pastos e entravam nos caminhões. Foi e descobriu. Bois alegres, felizes e sorridentes, sendo colocados num curral, num funil estreito... e quando se aproximavam da porta do abatedouro, via a angustia, o medo e o desespero, então inútil, de toda a boiada.... isso levava alguns poucos minutos... pois até aquele momento, a boiada vivia de felicidade absoluta.

Voltou para o seu pasto e procurou conscientizar seus amigos. Mas, tudo em vão. Os outros bois, felizes, cheios de sucesso, gordos, não davam atenção nenhuma ao boi que pensava... e o expulsaram dali. Ele embrenhou-se na mata, fez amizade com os bichos selvagens e olhava de longe aquela boiada feliz. Um dia, os caminhões vieram e foram todos colocados no transporte. O boi que pensava já sabia do destino de todos eles. Correu para o esconderijo de onde podia ver os últimos minutos da vida dos seus amigos. Muitos ainda riam, gordos, felizes... mas, a cada passo, com o cheiro do sangue no ar, já há uns 10 metros do portal do abate do matadouro, a adrenalina subia e os bois se debatiam de terror. Ao olharem ao longe, viram o boi que pensava observando-os... e gritavam, na linguagem bovina... Ingrato, traidor, por que você não nos avisou. Eu avisei disse o boi que pensava, mas não há nada que um boi possa fazer que mude o destino de uma boiada...


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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sociedade de Conhecimento

Seguem três perguntas sobre as quais deveríamos refletir mais profundamente, antes de darmos respostas imediatas, automáticas.

PRIMEIRA - Estamos realmente na "era do conhecimento"?

Para começar, convém analisarmos de que adiantaria o conhecimento se não fosse para produzir uma maior qualidade de vida, um maior desenvolvimento e, em última análise, uma maior felicidade para os seres humanos?

Porém, apesar de toda tecnologia disponibilizada, a sociedade contemporânea muitas vezes parece ser "menos equilibrada" que as anteriores! Os artigos científicos publicados na área da psiquiatria são enfáticos quando afirmam que, proporcionalmente ao tamanho populacional, nunca houve tanto "stress", tanta ansiedade e tanta depressão como agora (esta, já chamada de "a doença do século")! Mas, então, que "era do conhecimento" é essa, que produz tanta infelicidade nos seres humanos?

A geração de nossos avós, mais simples do que a nossa (pois eles não tinham a mesma arrogância de se dizerem pertencentes a uma "sociedade da informação ou do conhecimento"), também parece ter sido mais humana, mais pacifista, mais ecológica, mais solidária, mais integrada.

SEGUNDA - Tecnologias significam evolução?

Certamente, elas respondem a necessidades (básicas, algumas supérfluas) da sociedade pós-moderna. Evolução, por outro lado, deve significar uma harmonia maior com aqueles que nos cercam, com o meio em que vivemos, e, especialmente, com nós mesmos. E isso está ocorrendo? Será que os países mais ricos e mais tecnológicos, do hemisfério norte, são os mais humanos? É lá que as pessoas são mais felizes?

TERCEIRA - É possível conciliar desenvolvimento tecnológico com desenvolvimento humano?

Claro que sim!... Mas por que não seria?

Entendo que um país como o nosso, que está em fase de desenvolvimento e possui origem latina, tem as condições ideais para isso. Para tal, nosso desenvolvimento não deve ser copiado dos países do hemisfério norte. Temos que nos desenvolver a nosso modo, evoluindo técnica e economicamente, mas também (e especialmente!) como pessoas, que sabem usar esse desenvolvimento a serviço de uma vida mais harmônica e mais feliz.


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Reflexão


Detesto o superficial (há que se ter conteúdo), amo o simples (há que se ter humildade).



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sábado, 25 de junho de 2011

O retorno


Telecotreco voltando hoje e com uma nova versão, para ser lido também nos celulares!




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A rede vai se tornar um grande computador inteligente


Já imaginou se minha equipe de trabalho tivesse acesso ao GPS do meu celular? Saberia, então, que eu chegarei 10 min mais tarde para a reunião.

E se o guarda de trânsito tivesse o mesmo acesso? Saberia que só chegarei a tempo para a reunião se eu ultrapassar o limite de velocidade. E eu imediatamente ouviria um beep no meu celular, anunciando que uma multa foi automaticamente emitida e que já foi debitada da minha conta.



O fato é que inúmeras aplicações passarão a ser disponibilizadas por meio da Internet. E teremos serviços que hoje nem conseguimos imaginar! E os aplicativos tomarão muitas decisões por nós!

Esse é o imenso e fantástico "cérebro virtual" que estamos criando.



O futuro da web está nas aplicações específicas



É claro que o e-mail e os navegadores (Internet browsers) proporcionaram grandes revoluções.

No entanto, o e-mail já não é mais usado pelas novas gerações, que preferem as redes sociais como meio de comunicação. E quanto aos browsers... Bem, como eles nos fazem perder tempo!

Outro dia, estava em outra cidade, terminei uma reunião mais cedo e desejei retornar para casa mais cedo. Tentei, então, fazer a antecipação do voo pelo navegador do meu celular. Fui do site de buscas para procurar o próximo voo para Curitiba, mas não foi fácil conseguir o que eu queria, pela web! Acabei ligando para meu agente de viagens, que resolveu a questão muito rapidamente.

Por isso, entendo que o futuro da web não está nem no e-mail e nem nos browsers, mas nas aplicações específicas!

Fantástica, por exemplo, é a aplicação Kindle, da Amazon. Ela permite uma rápida navegação por milhões de títulos de e-books, sendo que com um clique e em poucos segundos você baixa uma degustação gratuita de um livro; e, se mais tarde desejar comprar o livro todo, você o faz novamente com apenas um clique. E eles criaram um ambiente multi-plataforma: se você estava lendo o livro em seu celular e pausou em determinada página, quando volta a ler aquela publicação no seu computador, ela estará lá na mesma página em que você havia parado de ler! Sensacional!

Do mesmo modo, poderia haver uma outra aplicação que usasse o GPS do meu celular, identificasse o local onde eu estava e, então, eu dissesse a ela: "próximo voo disponível para Curitiba, com assento preferencial no corredor". E, em um clique apenas, ela me colocasse naquele voo, no assento escolhido.

Esse é o futuro da web: aplicações que facilitem a vida das pessoas e que economizem o tempo dos usuários.

Alôôôô BEL-i9!!!


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Érico Veríssimo escreveu...



"Estive pensando muito na fúria cega com o que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época.

Eles esqueceram o que têm mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura.

De que serve construir arranha-céus se não mais almas humanas para morar neles? É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza.

Precisamos, entretanto, dar sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu".

sábado, 18 de dezembro de 2010

O que eu faço para viver?

Ontem, uma pessoa me perguntou o que eu fazia na vida.

Respondi que eu APRENDIA.

A pessoa sorriu, pensando que eu não havia entendido a pergunta; e insistiu: - " Mas que trabalho você faz?", questionou ela.

Respondi novamente que eu aprendia. E expliquei que sou movido a aprender, que a maior parte do meu tempo ativo é usada por mim para aprender: principalmente através de ler e ouvir os outros... Aprendendo, sempre aprendendo!

As pessoas normalmente acham que o principal no trabalho é fazer. E se enchem de uma infinidade de tarefas a serem realizadas. E o tempo passa, e o mundo muda, e mais rapidamente do que elas possam imaginar já estão fazendo coisas ultrapassadas. Concentraram-se em fazer, deixando de lado o aprender.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Choque de Gestão


Marcos de Lacerda Pessoa
Paulo Roberto Luccas



(I) o caminho é "LER"



Fala-se muito em Choque de Gestão, mas o termo carece de maior discussão, considerando-se particularmente este fato: o que funcionou no passado pode não mais se recomendar nos dias de hoje.

Há quarenta anos, Alvin Toffler propunha em sua obra “O choque do futuro” uma reflexão sobre a aceleração das mudanças, falando do progressivo desequilíbrio que viveríamos entre as situações que nos são familiares e as que serão novas, desconhecidas.

De lá para cá, muitas outras obras foram escritas sobre o assunto, várias tecnologias inovadoras foram incorporadas ao nosso cotidiano, mas a reflexão necessária sobre o equilíbrio entre o transitório e o perene parece ter sido esquecida. Evoluímos muito nas novidades e inovações tecnológicas nestes últimos quarenta anos, mas temos a impressão de que houve uma regressão naquilo que é fundamental, no que fica, nas coisas que são essenciais ao homem: os seus valores e a sua felicidade. Na realidade, vivemos hoje numa imensa crise de valores, como declarou o Papa João Paulo II. Cada vez mais perdemos o senso da fraternidade universal de todos os homens, cada vez mais nos tornamos lobos uns para os outros, na formulação de Hobbes.

Propomos iniciar aqui um conjunto de reflexões que nos levem a considerar a necessidade de recuperar o equilíbrio vital de uma sociedade que dá passos largos em suas inovações tecnológicas, mas parece regredir em seus valores mais essenciais. Sob o título geral “Choque de Gestão”, pretendemos analisar, num conjunto de cinco artigos, o impacto de uma proposta que priorize a condição humana sobre o processo produtivo, oferecendo uma alternativa. Esta - valendo-se dos avanços tecnológicos, sobretudo das redes de telecomunicações, - poderá desenvolver novas lideranças e novos empreendedores, elementos-chave para o progresso que se fará sempre mais necessário daqui para frente. Chamaremos a esse caminho de “LER” – desenvolvimento da Liderança e do Empreendedorismo através das Redes.

A ideia de “choque” se explica pela necessidade de romper a letargia com que estamos tratando o desenvolvimento humano, tanto em nossas organizações como na sociedade de uma forma geral. Nesse sentido, cabe-nos enfatizar que o foco nas pessoas não pode ser simplesmente uma peça de marketing, mas deve ser uma opção consciente e esclarecida de quem deseja um mundo sustentável e uma vida que tenha significado. Precisamos romper com os conceitos pasteurizados de produção em massa que os atuais sistemas de gestão impuseram como universais nas últimas décadas. Essa pasteurização pode ter feito mais produtivo o profissional, mas definitivamente não garantiu sua felicidade enquanto homem. Não pode inovar quem é incapaz de contemplar o bem que faz.

Sem tirar o mérito daquilo que fez história, é preciso olhar para frente, que no caso humano significa olhar para dentro. O atual sistema começa a dar sinais de exaustão, sendo certo que não suportaremos mais quarenta anos no mesmo ritmo, se não for alterada sua condução. Novas formas de pensar e viver precisam ser consideradas, não só em benefício da sustentabilidade das empresas e do planeta, como a favor do próprio sentido que se dá à vida. Nossas escolas e empresas estão cheias de especialistas capazes de ensinar como vender bem produtos e serviços, mas vazias da discussão daquilo que é essencial. Em nossas universidades, multiplicam-se os cursos, cada vez mais segmentados e especializados, mas perde-se a visão global, aquela visão universal do conhecimento humano que se exprimia na Universitas medieval, raiz da qual brotaram as instituições universitárias de todo o mundo.

Nessa empreitada os especialistas somos nós, os homens e mulheres de bem, que - no papel de pais, mestres, dirigentes, governantes e cidadãos comuns - devemos assumir a missão de contribuir para um futuro melhor.

Agora, no primeiro artigo, propomos duas questões: 1) A redução imediata de custos, a efetivação de novos desenhos institucionais, o acompanhamento da execução por métricas de desempenho, o estabelecimento de contratos de gestão, são medidas suficientes para as modificações institucionais e sociais que precisamos e almejamos? 2) Se gestão implica solucionar problemas, será que os problemas maiores estão nos nossos modelos e sistemas de gestão? Acreditamos que não!

Estamos certos de que as verdadeiras dificuldades, hoje, residem na incompreensão da finalidade dos modelos e sistemas, e não na sua capacidade de resolver problemas ou oferecer melhoria contínua. Mais do que reduzir perdas e desperdícios, aumentar produtividade ou oferecer qualidade em produtos e processos, importa perguntar a quem eles servem. Se a pessoa não for o sujeito e o alvo de toda a história, de nada adiantará a eficiência dos robôs!

Os modelos tayloristas, fordistas e toyotistas desempenharam um papel importante na história produtiva do século XX. Organizaram a empresa, aumentaram a eficiência da produção, reduziram custos e desperdícios, treinaram a mão de obra não qualificada, permitiram o acesso de milhões de pessoas ao mercado de consumo, numa diversidade espantosa de bens e serviços que aumentaram o conforto de toda a sociedade. São inegáveis as contribuições desses modelos, mas a história é dinâmica, e o êxodo rural, próprio do sistema feudal, há muito deixou de alimentar essa massa de trabalhadores ávidos por uma condição mínima de sobrevivência.

É visível e preocupante a degradação social a que assistimos em nosso planeta. Quanto maiores os avanços tecnológicos, maior a distância entre os povos e as pessoas. Mostramos pela internet e televisão o que se pode consumir, mas não lhes damos os meios para que satisfaçam as suas aspirações. Cada dia o tecido social se esgarça mais pela tensão do não ter. Se a internet pode despertar o consumo irrefreado, pode também qualificar o homem, tornando-o capaz de consumir equilibradamente. Esse é o efeito educativo e socializante que uma rede de telecomunicações bem planejada pode oferecer, cumprindo um papel de desenvolvimento tanto para os menos assistidos como para aqueles capazes de empreender novos negócios.

O mundo não comporta um ritmo de crescimento como o experimentado no último século. Além da questão social, também a ambiental se apresenta para ser considerada como urgente. Ambas ganharam peso, à medida que suas repercussões se tornaram econômicas. Pode custar caro não integrar as pessoas e o meio ambiente no sistema econômico. Desse tripé de sustentabilidade surge um ápice necessário para o equilíbrio sustentável: a prioridade da pessoa em seus aspectos éticos e formativos.

O Choque de Gestão que se exige hoje não deve tratar de regular o comportamento com novas normas de conduta por um princípio meramente utilitarista, mas de reposicionar a questão sob a perspectiva existencial da origem e fim da própria vida. Se cada um não tiver em conta seus princípios e fins mais elevados, todos caminharão pelos procedimentos rasteiros de conveniência que levam o homem ao individualismo, tornando insuportável o viver comum. Sem a perspectiva do outro, numa visão magnânima e generosa, o homem amesquinha-se e os sistemas tornam-se meramente regulatórios.

Analisaremos na sequência tais questões na ótica da Liderança, do Empreendedorismo e do papel que as Redes podem desempenhar na construção desse novo caminho em que a pessoa humana tenha sua dignidade resgatada. Arriscar-nos-emos a sonhar, pois aquilo que é frágil, enquanto ideia de uns poucos, pode tornar-se poderoso se compartilhado por muitos. Temos a força do idealismo, mas temos também a esperança de que o bem sempre há de prevalecer. Até o próximo artigo!


(II) desenvolvendo líderes


No início desta série de artigos sobre Choque de Gestão, propusemos que o novo caminho para fazê-lo acontecer de forma eficiente, no estágio atual do conhecimento, parece ser a formulação: “LER” (= Liderança + Empreendedorismo + Rede). Neste segundo artigo, discutiremos o primeiro elemento dessa equação, qual seja, a liderança.

Nosso país passa por um verdadeiro apagão em termos de liderança, praticamente em todos os setores, incluindo o governamental, empresarial, acadêmico e político. Mais do que nunca, em nossos dias, é verdadeira a frase de Oswaldo Aranha: vivemos “num deserto de homens e de ideias”. Assim, a questão que se coloca é: de que modo poderão ser conduzidas as mudanças de que nossa sociedade tanto necessita para se formarem pessoas capazes de progressivamente criar melhores condições de vida para si e para a comunidade?

O fato é que temos o direito a essas mudanças, pois mudar, segundo o antropólogo Ricardo Yepes, é algo próprio da natureza humana, constituindo um bem que move o homem em busca de seu desenvolvimento, com vistas a descobrir e alcançar a felicidade e a real finalidade para sua vida. “Se o homem busca a perfeição, se nele há uma inquietude de ser mais, é precisamente porque, por natureza, ele foi feito para esse crescimento”.

Ao percebermos uma mudança se aproximando, podemos gerenciá-la; ao nos anteciparmos a ela, podemos dela tirar proveito; mas, só se a criarmos, é que poderemos efetivamente conduzi-la. E conduzir a mudança é, justamente, liderar.

Diante da crise de lideranças por que passamos, o que devemos buscar são as oportunidades. O professor Pérez López afirma que “não há dúvida de que as crises são incômodas, inclusive perigosas. O que poucas vezes se percebe é que são necessárias: sem elas não se romperia uma trajetória que, a continuar, seria fatal para todo um organismo biológico ou social”. A fatalidade a que se refere o professor é a da comodidade e da passividade, a ilusão de que o tempo por si só pode melhorar a situação, bem como a da transferência de responsabilidade de quem vê sempre no outro a culpa do que lhe ocorre. Sem a consciência da necessidade de mudança e da nossa responsabilidade pessoal por ela, não haverá crescimento nem melhoria. E o tempo, ao invés de ajudar, só agravará a situação.

Não há dúvida de que a maior crise que vivemos hoje é de liderança. E a própria sociedade a causa, pois ─ à medida que incentiva a competição sem limites, em que os fins sempre justificam os meios, ─ acaba favorecendo o individualismo e, assim, provoca um esvaziamento dos valores humanos fundamentais, especialmente daqueles relacionados à nossa capacidade de servir e de buscar o bem comum. Incidentemente, temos visto nos debates políticos de todos os países que há um geral abandono da ideia de serviço do bem comum, fato do qual todas as sociedades se ressentem. Eventuais lideranças assim surgidas são marcadas pela falta de autenticidade, porque não deixaram de incorporar tais valores.

Olhando em particular para a perspectiva governamental e empresarial, e para os desafios que se apresentam nessas áreas, é papel do líder compreender tanto a natureza humana como a inerente ao desenvolvimento e ao progresso, com domínio da dinâmica das mudanças e competência para influir na atitude das pessoas.

O verdadeiro líder deve ter em conta que o primeiro bem a ser buscado é o bem comum: rumo a ele, todos os demais bens devem estar ordenados. E o bem comum, ensinou São Tomás de Aquino, baseado na filosofia perene de Aristóteles, não é a mera soma dos bens individuais, mas é algo superior, de outra natureza. Para ele, o “bem comum compreende a soma de cada bem individual com o bem coletivo”. Sem espírito de humildade e de serviço ao coletivo, a liderança pode se transformar em causa de desintegração mais que de união. Um líder que não enxerga ao redor não pode oferecer direção. Mas ter visão correta não basta para inspirar confiança; também é necessário que haja uma força interior para contagiar, além de uma atitude ética que não se limite ao interesse exclusivo e individual, mas vise ao bem comum. Para ser legítimo e motivar as pessoas, o entusiasmo deve ser desprendido. Ninguém seguirá um líder egoísta, pois sabe que o resultado, cedo ou tarde, será o fracasso.

É pelo trabalho - atividade necessariamente integradora, vista em seu caráter de missão, - que se manifesta o lÝder. Cabe à atividade laboral despertar e favorecer no profissional a consciência dessa missão, envolvendo-o numa tensão dinâmica positiva, que agrega valor e realiza o intangível. No trabalho, deve o líder ir à frente, dar-se como exemplo e comprometer-se com o bem comum para poder inspirar confiança e conduzir as pessoas.

Warren Bennis, um dos grandes especialistas no assunto, diz: “O que a maioria de nós realmente deseja é aceitação, afeto e autoestima; as posições e os cargos constituem meios para isso”. Para Bennis, a liderança é fundamentada em quatro grandes competências: a técnica, a de relacionamento, a de aprendizagem e a de integridade, sendo esta última a mais importante delas. “Além de visão e entusiasmo, os bons líderes, assim como os pais e professores, são inspiradores de esperança às pessoas; por isso, o caráter é a sua competência principal”.

Não nos interessa o super-homem nem o líder carismático: importa mais o líder humano que, consciente de suas limitações, faz-se humilde sem renunciar à ambição, dispõe-se ao sacrifício por visualizar um bem maior ─ o ideal de servir o bem comum. Interessa-nos a liderança que possa ser construída com base em princípios sólidos e objetivos elevados, que, mediante um processo virtuoso, possa transformar e contagiar as pessoas, criando um ambiente de inspiração e confiança. Dispor-se a mudar e alcançar o seu fim é liderar, com o exemplo, o grande processo da própria vida e daqueles que nos cercam.


(III) desenvolvendo empreendedores


Damos continuidade a esta série de artigos sobre Choque de Gestão, na qual propomos um novo caminho para que o desenvolvimento possa ocorrer de forma eficiente e sustentável. No primeiro artigo, mostramos que o novo e melhor caminho para o desenvolvimento é “LER” (= Liderança + Empreendedorismo + Rede). No segundo, abordamos a questão da Liderança. Ressaltamos o fato de que ela pode ser construída, posto que não é inata, e focamos a necessidade de que novos líderes sejam formados. Neste terceiro, passaremos a discorrer sobre o segundo elemento da nossa formulação para um tratamento eficaz do Choque de Gestão, qual seja, o Empreendedorismo.

Nada se empreende sem o objetivo de levar algo novo ao meio. Assim, a primeira questão que se apresenta é diferenciar criação de inovação. Resolver tal questão se faz importante pela constatação de que o povo brasileiro, embora bastante criativo, apresenta índices baixíssimos de inovação quando se avalia o número de patentes registradas e, sobretudo, a permanência dos novos negócios no mercado. Não bastam ideias, é necessário desenvolver a capacidade de sua implementação e gestão de forma adequada e sustentável. Há sempre alguém que se dispõe a pagar por boas soluções inovadoras, porém não por novas ideias, por melhores que elas sejam. Quantos empreendedores têm consciência disso?

Entre as qualidades presentes num grande empreendedor, duas se destacam à primeira vista: a primeira delas é a capacidade de reconhecer que precisa dos demais, e a segunda é a de sonhar com a possibilidade de melhorar o tempo e o espaço em que vive. Quando essas duas qualidades se conjugam, tanto o empreendedor em potencial como a sociedade em que ele vive se beneficiam.

Com humildade para reconhecer as próprias limitações e magnanimidade para não se conformar com elas, o empreendedor conjuga duas visões que formam o background de nossa civilização ocidental: o idealismo e o realismo. É fundamental que o empreendedor saiba desenvolver sua capacidade de sonhar sem tirar os pés do chão.

Um segundo desafio é a administração eficiente dos recursos de que dispõe em relação aos ideais que alimenta. Entre sonho e realidade há uma distância considerável que - não considerada - pode ser fatal. Para construir essa realidade sustentável, é preciso conjugar três capacidades essenciais ao negócio: estratégia, paixão e execução.

A estratégia exige frieza de mente, razão que tudo apura e tudo considera antes de decidir. Paixão é o ardor que potencializa a decisão, que rompe as limitações e faz avançar o negócio. E execução é o empenho diário, constante e operativo para fazer acontecer o planejado. Como num organismo vivo, tanto a mente quanto o coração e os braços têm funções distintas e importantes, as quais - empregadas fora dessa estrita ordem - podem levar o empreendimento ao fracasso.

Sob todas essas capacidades, a fé é fundamental em qualquer empreitada. Se não se acredita naquilo que se faz ou não se tem esperança de êxito, o melhor é nem começar. Mas como a fé não é um elemento controlável para efeito do negócio, o melhor é agregar a ela outro elemento que permita o crescimento racional e a possibilidade de avaliação. Esse elemento de crescimento e avaliação são as virtudes.

Do latim virtutes (forças), as virtudes são uma disposição estável para praticar o bem, um esforço consciente em busca do bem maior. Seguindo a tradição aristotélica de construção racional pela via da prática, sugerimos quatro virtudes que têm o dom de sustentar um bom negócio: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. Essas quatro virtudes são designadas virtudes cardeais, porque são os gonzos (em latim cardo, cardinis), eixos em torno dos quais giram todas as outras virtudes.

A prudência é uma virtude de primeira grandeza, e nada tem a ver com a visão distorcida do “pé atrás”, como acreditam muitos. O primeiro a considerar na prudência é a boa deliberação que envolve considerar as próprias experiências, as circunstâncias presentes e as consequências futuras. Também é apropriado consultar quem possa dar conselho. Tudo bem esclarecido, toma-se a decisão com a convicção de quem faz o melhor e por isso não adia nem transfere a responsabilidade.

A virtude da justiça pressupõe a noção de um bem, que deve ser praticado, e de um mal, que se deve evitar. Pressupõe também a existência do outro e com ele os seus direitos. Quanto mais se reconhece a dignidade de uma pessoa, mais se respeita a sua condição humana e o bem que ela merece. Um empreendimento que não vise ao bem nem respeite a pessoa, pode até auferir lucro por algum tempo, mas jamais se sustentará como negócio, pois sobre a injustiça nada se constrói.

A fortaleza é a virtude que impulsiona o negócio e ao mesmo tempo lhe dá sustentação. É preciso coragem e audácia para iniciar, para inovar, para ganhar novos espaços e propor novas soluções; mas pressupõe também paciência e perseverança para se sustentar nas adversidades e nos momentos de rotina que põem o negócio à prova. Se a atividade realiza o homem, o trabalho bem feito e constante perpetua o empreendimento.

A temperança é a virtude dos que não se deixam fascinar pelas aparências nem dominar pelas paixões mal direcionadas. É a atitude consciente que subordina um bem ao outro sem se deixar levar por inclinações primárias e meramente sensitivas. Quem não exerce domínio sobre si não pode controlar o que faz. No campo dos negócios, nada mais insustentável do que a impulsividade irresponsável. O empreendedor aceita o risco, mas mede as conseqüências; não se deixa seduzir pelo fácil ou agradável, mas raciocina, avalia e atua. É por essa consistência que ele se faz vitorioso no negócio.

Pode parecer tradicionalista essa proposta da visão empreendedora, mas há valores que na vida não devem mudar. Podem, sim, evoluir, aprimorar-se, mas sem necessariamente mudar. Princípios como a verdade, a liberdade, a bondade, são por definição imutáveis. É sobre eles que as empresas se fazem longevas e a honra de um homem admirável.

Governos, empresas ou instituições, quando espelham essa atitude de respeito aos princípios e buscam fins elevados, fazem-se necessários e passam a ser defendidos pelas comunidades. Cumprem um papel social e ético além do econômico, possibilitando o desenvolvimento em que a pessoa é prioridade, e o seu bem-estar, consequência dessa visão e atitudes empreendedoras.


(IV) recuperando os sonhos de criança


Nesta série de artigos sobre Choque de Gestão, as reflexões desta vez recaem sobre as alterações que temos presenciado, especialmente nas formas de pensar e de agir das pessoas.

Um fato é incontestável: nossa sociedade mudou e continuará mudando daqui para frente, de forma progressivamente acelerada, se nada for feito agora! Nossos filhos parecem nascer com o mouse na mão. Ficamos surpresos com a sua consciência ecológica e como interagem em rede de forma natural. Usam as novas mídias com a facilidade e a velocidade da imaginação e parecem rejeitar os padrões formatados pelo pragmatismo que lhes queremos impor.

Estamos educando mal nossos jovens com nossos conselhos e exemplos. Damos-lhes as melhores escolas, mas nem sempre os melhores ensinamentos. Nós os preparamos para um mundo competitivo e desprezamos o contemplativo. Ensinamos as regras e lhes subtraímos os fundamentos. Perdemos o costume de conversar, porque temos medo de nos abrir. Desse erro, todos se ressentem: a família, a empresa, os governos e a sociedade. O individualismo prevalece, e as pessoas não se encontram.

Numa sociedade em que tanto se criticam os jovens pela sua alienação aos valores e ao não cumprimento de normas e formalismos, precisamos ter a coragem de imitar as crianças. Precisamos romper com as caras sérias de quem faz muitas coisas importantes, mas não faz o que importa. Precisamos sair de nossos casulos de direitos adquiridos e iniciar a construção de uma obra séria.

Se vivemos uma crise, esta é a de liderança fomentada pela omissão dos homens de bem, que parecem se conformar com as trincheiras, renunciando à luta pelos grandes ideais. Querem toda a liberdade, mas, porque não a entendem, entregam-se ao bem-estar e fazem frágeis as suas almas. Querem mais tempo, não para contemplar a vida e vivê-la como homens, mas para se entregarem ao ativismo e ao prazer.

Precisamos de uma revolução pacífica, por meio da educação e dos valores, integrando o novo ao perene, as novas mídias aos fundamentos, as redes de telecomunicação ao contato pessoal. Não nos servem mais as velhas fórmulas que priorizam os sistemas e formatam as pessoas.

Inspirando-nos nas crianças, devemos buscar os fundamentos por meio das imagens, do lúdico e do interativo. Urge uma cruzada cultural em que as pessoas voltem a resgatar e a ler os velhos contos de fadas, pelos quais possam imaginar novas histórias, construir novos sonhos e, assim, preservar valores e inspirar pessoas, que, bem formadas, tenham a coragem de liderar e empreender.

São necessários líderes inspirados e inspiradores, dispostos a servir, a transmitir confiança pela atitude humilde de quem vê no outro a oportunidade para contribuir na construção de um mundo novo, um mundo em que os verdadeiros homens se responsabilizam pelos seus companheiros. É engano pensar que só o pão sacia o homem: nossa fome é de sentido, precisamos de motivos para viver, de causas que valha a pena seguirmos.

O que não precisamos é de modelos ou sistemas que alienam o homem e o fazem viver como multidão. Estamos cansados de caminhar como indivíduos e não como pessoas solidárias. Como seres sociais, precisamos uns dos outros, precisamos ser inspirados por grandes ideais, para, fortalecidos pelo exemplo, também empreendermos.

Temos muito que fazer, fomos feitos para muito, mas também não queremos nos apressar. Chega de pressa, chega de correr inseguros para mais frustrações. Um bom empresário não quer só lucrar, quer também servir. Do contrário, não é um bom empresário. Da mesma forma, um funcionário não quer só remuneração, quer motivação, deseja uma causa que dê um sentido maior ao seu trabalho e à sua vida. Um bom governante não quer o poder só pela vaidade de mandar, mas faz dele um meio para ajudar seus governados a realizarem os próprios sonhos, projetos de vida. Devemos todos reconhecer: estamos despreparados para isso! É preciso fazer uma pausa para refletir, ter uma causa por que lutar. Sem uma pausa que oriente e uma causa que anime, somos barcos com velas recolhidas, sem destino, que vento nenhum ajuda.

Se nos fizermos como crianças, teremos o direito de pedir e também o de errar. E o que pediremos não será pouco. Queremos a possibilidade de trabalhar com ânimo, desejamos a possibilidade de nos realizarmos como pessoas, ambicionamos a possibilidade de sorrir como meninos ou meninas que se entretêm em suas invenções, em suas façanhas e em suas obras.

Se só a obra bem feita gera alegria, ensinem-nos a fazê-la, deem-nos os meios, mas não nos privem de criar e inovar. Não é verdade que basta o dever cumprido ou a meta alcançada: não nos limitem pelos resultados, pois somos capazes de mais, queremos ser responsáveis por mais.

Como crianças, queremos aprender a “LER” (= Liderança + Empreendedorismo + Rede). Ensinem-nos a Liderar, não como chefes, mas como meninos inspirados que olham o céu e sonham com um mundo melhor. Ensinem-nos a Empreender, não por ganância, mas pela atitude generosa de quem tem muito a dar. Ensinem-nos a integrar-nos em Rede, não de links tecnológicos, mas de pessoas que esperam de nossa competência a satisfação de suas expectativas.

Não devemos ter vergonha de pensar como crianças, pois delas é o reino de quem constrói um mundo melhor. Se o trabalho é um dom, é por meio dele que empreenderemos nossos sonhos mais adultos e responsáveis. Se vivemos uma nova época, em que a prioridade da condição humana é a novidade, não podemos ter o constrangimento de ser felizes.

A história parece nos oferecer mais uma oportunidade, um novo recomeço em que o amor deve prevalecer. Nada do que recebemos é para nosso uso ou proveito exclusivo: somos administradores, e o bem que fazemos não cabe num celeiro. Se queremos regalar-nos, façamo-lo com os nossos iguais, com os que nos observam, com os que confiam em nosso exemplo de líderes empreendedores, atualizados com os avanços de nossa época.

Se soubermos conjugar o novo com o perene, o atual com o eterno, deixaremos um rastro luminoso capaz não só de tirar da miséria tantos que se perdem numa vida sem sentido, como faremos outros líderes dando continuidade a este grande ciclo da vida que conta com homens de alma grande e coração sensível.

Nossa fortaleza está em fazer-nos pequenos, pois só os pequenos são capazes de admirar, de aprender e também de ensinar. Mas inspiremo-nos também nos velhos clássicos em que a sabedoria humana está plasmada e depurada pela sabedoria dos antepassados. Voltemos a ler não só os livros das estantes, mas também as crônicas abertas por esses seres humanos que caminham conosco nesta maravilhosa aventura do ser.


(V) trabalhando em rede


No presente artigo, aborda-se a questão das Redes, último termo da equação proposta desde o início desta série: Choque de Gestão = “LER” = Liderança + Empreendedorismo + Redes.

Dizia Aristóteles que “o homem é um animal social”, posto estar sempre influenciando e sendo influenciado. A necessidade de interação com seus semelhantes é natural ao ser humano e indispensável para que ele alcance a sua plenitude. Consequência direta desse fato é que a comunicação é crucial para seu desenvolvimento e progresso.

“A natureza não faz nada sem um propósito, e o homem é o único animal que tem o dom da fala”, observa Aristóteles, que complementa: “somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras qualidades morais, e é a comunidade de seres com tal sentimento que constitui a família e a cidade”.

O homem necessita evoluir, mas sozinho não o pode fazer, porque não possui todas as faculdades: precisa do contato com outros homens, percebendo que é pela união social que uns aos outros se completam, para assegurar o seu próprio bem-estar e progredirem.

Conta uma lenda de tradição judaica que, em uma região longínqua, viviam alguns homens que passavam muita fome porque tinham os cotovelos voltados para dentro e as mãos voltadas para fora. Portanto não podiam dobrar os braços em direção à boca porque não tinham flexão e assim não se alimentavam. Os pobres homens estavam à míngua, desnutridos e fatalmente condenados a morrer de inanição. O mais idoso deles, cheio de sabedoria, passou a estudar um meio de solucionar o problema. Eis a solução: por terem os cotovelos voltados para dentro e as mãos espalmadas para fora, poderiam colocar o alimento na boca dos outros e assim não passariam mais fome. O regime da solidariedade resolveu a questão.

Esse é o conceito de rede, que - antes de ser tecnológico (redes de telecomunicações) - é natural ao homem, pois o egoísmo e o isolamento embrutecem e debilitam a pessoa, quebrando a harmonia social e dificultando o progresso moral.

Acontece que, à medida que as redes de telecomunicações avançam, as pessoas têm se tornado cada vez mais distantes do convívio direto. Jovens trocam mensagens instantâneas com avidez, mas estão se tornando progressivamente incapazes de se relacionarem frente a frente. Nas empresas, muitos empregados têm agora computadores nas suas escrivaninhas, navegando em mundos virtuais. Entretanto, a boa e velha mesa de reunião, em torno da qual as pessoas realmente colocavam seus sonhos e planejavam a melhor forma de viabilizá-los, parece estar ficando obsoleta.

Se vivemos na era das telecomunicações e da informação, é fundamental que os instrumentos tecnológicos avancem, pelas inúmeras facilidades que proporcionam e pela sua magnífica capacidade de redução de custos e aumento de produtividade. Entretanto, também é necessário que aproximem mais as pessoas, fomentando conexões e relações mais harmoniosas e mais produtivas.

Todo indivíduo pode ser criativo e inovador quando tem a oportunidade de participar ativamente em conversações com significado, em torno de questões que importam a ele e à sociedade. Isso é algo que, de fato, lhe dá grande satisfação e, até mesmo, um significado ainda maior à sua vida. Adicionalmente, à medida que as pessoas conversam, passam a ter acesso a uma sabedoria maior, que é unicamente encontrada no coletivo.

Esse é o princípio da inteligência coletiva, da sabedoria que emerge à medida que as pessoas se tornam mais e mais conectadas umas com as outras. Como diz Juanita Brown, “ações individuais, quando conectadas, levam a uma capacidade muito maior”.

A telemática ─ por penetrar em todos os setores da atividade humana, atuar diretamente no aumento de sua eficiência, reduzir custos e gerar progresso ─ presta-se muito bem a colaborar para esse papel aglutinador. E, nesse contexto, ela pode atuar como um elemento catalisador, disponibilizando meios e acessos para facilitar a discussão e a atuação em rede, fomentando e facilitando o empreendedorismo que impulsione o desenvolvimento.

O Paraná constrói redes telemáticas com competência. A rede de fibras ópticas da COPEL, por exemplo, possui avançadas tecnologias e uma capilaridade extraordinária, chegando a todas as regiões do Estado. O desafio que se coloca, agora, é usar essa infraestrutura para formar uma rede de lideranças empreendedoras, em torno de temas relevantes para as pessoas e para o desenvolvimento sustentável do Estado. Como diz Eckart Wintzen, “conectar computadores é um trabalho; conectar pessoas é uma arte”.

Em curto espaço de tempo, estarão disponíveis, no Paraná, infraestruturas em fibras ópticas capazes de escoar tráfegos em torno de 100 Mbps entre residências, empresas, instituições e provedores de conteúdos. Os grandes desafios e as oportunidades hoje existentes residem no desenvolvimento de lideranças empreendedoras capazes de tirar o melhor proveito possível a partir dessas infraestruturas. As regiões e empresas que souberem coordenar esforços nessa direção, certamente alcançarão um importante posicionamento competitivo na próxima década.

O investimento em empreendedorismo no Paraná ─ seja pelo estímulo ao desenvolvimento de novas lideranças empreendedoras, seja pelo incentivo à atualização das já existentes ─ apresenta-se como oportunidade única de alavancar o desenvolvimento do Estado. E o momento é propício aos investimentos, sobretudo pela disponibilização de uma infraestrutura de telecomunicações, avançada em tecnologia e capilaridade.

Não se trata apenas de um aporte de recursos, mas de uma proposta de inovação nos negócios, em que a formação e o desenvolvimento dos agentes econômicos se apresentam como o diferencial competitivo de uma era nova. É preciso a consciência de que os investimentos nas infovias não devem ser analisados apenas sob o prisma dos retornos financeiros decorrentes, pois os benefícios maiores são de cunho socioeconômico, muitas vezes intangíveis no curto e médio prazos. Nesse sentido, não deve haver dúvida de que as infovias podem desempenhar um papel decisivo, pelo seu poder de facilitar a criação de novos negócios e de melhorar a eficiência dos empreendimentos: afinal, elas economizam tempo, reduzem esforços, otimizam custos, induzem o desenvolvimento de toda a sociedade, bem como geram ciência, renda e oportunidades capazes de integrar esforços historicamente não unidos.

Nos artigos anteriores, afirmamos a premência da implementação do Choque de Gestão nos diversos setores e atividades, incluindo os empresariais, governamentais, universitários e institucionais, com a certeza de que ações nesse sentido devem passar por novos modelos gerenciais, mas com a consciência de que elas têm de ser concebidas e executadas pelo homem, tendo sempre como finalidade o bem-estar coletivo.

Ressaltamos, ainda, o fato de que precisamos de novas lideranças: transformadoras de sonhos individuais em sonhos coletivos, capazes de levantar bandeiras que valha a pena ser empunhadas, e motivadoras das pessoas às boas causas visando ao bem comum.

Necessitamos, também, formar empreendedores, pois de nada adiantam os sonhos, por mais magnânimos que sejam, se eles não forem materializados.

No presente artigo, que conclui a série, destacamos que as lideranças empreendedoras, uma vez combinadas com desenvolvimento tecnológico e com a implantação de Redes telemáticas, geram efeitos multiplicadores e proporcionam inúmeros resultados para toda a sociedade, com evolução e progresso sustentáveis.



sábado, 11 de dezembro de 2010

Minha especialidade...

...fazer de quase nada, alguma coisa..

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sou contra!


Tem pessoas que querem ser contra. Tanto faz contra o quê. Primeiro vem a posição, contrária, depois vem o assunto. Elas se acham inteligentes por agirem assim. Na verdade, isso é uma doença que requer tratamento!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Redes neutras? (uma reflexão...)


Pense comigo: a construção de redes de fibra óptica demanda consideráveis investimentos por parte das empresas provedoras de infraestrutura de banda larga. Assim, por que motivo essas empresas deveriam ser impedidas de cobrar, de acordo com o que o mercado está disposto a pagar para trafegar seus conteúdos?

Ora, se há quem deseje que conteúdos sejam entregues de forma mais rápida e segura, há quem queira pagar mais por isso. Mas se não houver a possibilidade de um serviço diferenciado, ninguém irá querer pagar mais, pela mesma coisa! Essa é uma lei de mercado que, a meu ver, configura-se como justa e racional.

Talvez isso ainda não esteja, no entanto, muito claro no mundo virtual. Então, pensemos no mundo físico, que as pessoas conhecem mais e onde essas leis são exatamente as mesmas:

Vamos supor que, de uma hora para outra, os Correios fossem proibidos (por alguma lei ou regulamento) de cobrar mais para entregarem certas encomendas mais rapidamente do que outras. Assim, por exemplo, não haveria mais o "Sedex-10", sendo que toda a remessa passaria a ser feita na categoria "Simples", normal, que é bem mais lenta e mais insegura. Isso seria um absurdo, não é mesmo?

Sim, seria! Principalmente considerando que os Correios investiram muito, ao longo dos anos, na construção de um sistema de logística e transporte com capacidade para fazer atendimentos diferenciados. E os Correios devem ter (e de fato é assim!) todo o direito de cobrar de acordo com aquilo que o mercado pode pagar para transportar uma encomenda em consonância com a qualidade com que o mercado escolher!


Com relação aos Correios, ninguém tem dificuldade de entender um tratamento diferenciado, para o qual se cobra mais. E no mundo físico há muitos exemplos iguais a esse, que são perfeitamente compreendidos e muito bem aceitos pelo mercado. Na verdade, os usuários querem ter a opção de escolher entre diferentes tipos de serviços, de acordo com a suas necessidades.

Então, por que motivo há tamanha dificuldade quando passamos a tratar do mundo virtual? Por que tanta confusão quanto ao entendimento da neutralidade das redes de banda larga? O conceito é absolutamente o mesmo!

Só há uma reposta que explique isso: o interesse particular de alguns.

Quem advoga a neutralidade das redes são aqueles que não vendem canais! Eles não investiram maciçamente na construção das redes (necessárias para o transporte de conteúdos).

Os defensores da neutralidade gastaram quantias significativas na produção dos conteúdos. Deste modo, é óbvio que eles desejam que seus bits sejam transportados da forma mais barata possível (assim como aqueles que estão no ramo de livros querem que esses sejam transportados pelos Correios da forma mais barata possível). Portanto, o que ocorre é que cada um está olhando para o seu próprio interesse econômico.

A análise da neutralidade deve ser tão simples quanto a que estou fazendo aqui. E veja: não há nada de errado com o fato de cada um estar olhando para o seu interesse econômico, pois todo empresário faz a mesma coisa!

Como conclusão, portanto, entendo que a questão da neutralidade das redes não deve ser levada para o lado moral ou da justiça, como tem sido feito. Vimos aqui que não tem nada disso! Quem leva para esse lado, o faz simplesmente para, erroneamente, induzir as pessoas a pensarem assim, levando-as a defender uma causa que elas, de fato, não compreendem totalmente.

Em resumo: a questão é absolutamente econômica!





De quem é essa frase espetacular?


"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar
a vida com paixão, perder
com classe e vencer com ousadia,
pois o triunfo pertence a quem se atreve...
A vida é muita para ser
insignificante".


(DICA: é de um dos dois que estão na foto).


Está no Aurélio





Empreender:
"deliberar-se a praticar, propor-se, tentar".

O valor dos seus sonhos

Um dia aquilo que você sonha existirá no mundo real; e quando isso ocorrer, não apenas a sua vida, mas também a de muitas outras pessoas, será melhor.

Os fins e os meios



Acredito plenamento que aquele que coloca o foco no dinheiro, NÃO O GANHA, pela sua incapacidade de sonhar.

Sem dinheiro, porém, nada é realizado, pois ele geralmente é O MEIO necessário para a concretização de muitos SONHOS.


Visão sistêmica




Gerente: lembre sempre que todo especialista só consegue enxergar uma parte DO TODO que faz a realidade.


Pensamentos





Nunca se deixe abater pela crítica azeda.

Nunca se deixe encantar pelo elogio doce.

Nunca se engane: o bajulador é mais perigoso do que o crítico.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Fatores de sucesso

Um estudo realizado ao longo de 20 anos em diferentes países, por um pesquisador Americano focado em O QUE FAZ A DIFERENÇA NO SUCESSO DE CADA UM, teve o seguinte resultado, após analisar inúmeras famílias que tiveram filhos com a mesma educação:

[FATORES] [% ATINGIR SUCESSO]

Genética: 10%
Educação: 20%
Capacidade de agir: 70%

Isso nos leva a refletir sobre o seguinte:

1. Quantos de nós já não pensamos em algo que podia ser fantástico, mas colocamos a ideia na gaveta à espera de termos "as condições perfeitas"?

2. E quantos de nós já acabamos vendo a nossa mesma ideia ser um sucesso nas mãos de outra pessoa?

Conclusão:

O MUNDO NÃO É CARENTE DE IDEIAS, MAS DE EMPREENDEDORES.


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Fala-se de distribuição, mas...

...a REVOLUÇÃO FRANCESA deu LIBERDADE à maioria?

...a REVOLUÇÃO VERDE deu COMIDA à maioria?

...a REVOLUÇÃO DIGITAL nos deu REDE à maioria?

Homem brasileiro


Nunca se imaginou que haveria tantos homens impotentes no Brasil. O sucesso do Viagra é que revelou.

Nunca se imaginou que haveria tantos homens carentes no Brasil. O sucesso do Twitter é que revelou.

Geografia do Brasil




Na região do Rio de Janeiro, o homem mata.

Na região do Rio Amazonas, o homem desmata.

Nosso Presidente é realmente genial...





...ele conseguiu viabilizar o CAPITALISMO dirigido por SOCIALISTAS.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Frente (para inovação)


Este artigo fala sobre o papel dos governos na inovação.

Entendo que, em geral, a solução seria simples, se os governos simplesmente:

1. Em educação, saíssem NA frente

2. No restante, saíssem DA frente.

Cada caso




Em país desenvolvido, TELEVISÃO compete com INTERNET.

Em país não desenvolvido, TELEVISÃO compete com GELADEIRA.

domingo, 21 de novembro de 2010

Na era do conhecimento...

...a inovação tem que estar no centro, não a padronização que limita o novo.

Estamos nos aproximando dos Jetsons, ainda com a gestão de Flintstones.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

No Brasil, quase 60% das residências já têm computador



No Brasil, 58% das residências já têm ao menos um PC.

Essa distribuição, entretanto, é desequilibrada: enquanto no Sudeste 66% dos lares possuem a computador, no Nordeste esse índice é de 42%.

Esses números resultam de uma pesquisa feita pela consultoria Ipsos, a pedido da Intel (o levantamento foi realizado entre agosto e outubro de 2010, consultando-se 2.500 pessoas, de 16 cidades brasileiras).


Constatou-se, também, que há uma forte tendência de haver aumento no número de PCs em residências que já têm microcomputadores.

Segundo a pesquisa, a expectativa é de que o mercado de PCs continue aquecido em 2011, já que 38% dos entrevistados disseram desejar comprar um computador nos próximos 12 meses.

Obviamente, todos os proprietários (e novos proprietários) de computadores vão querer que os seus equipamentos sejam ligados à Internet.

E ainda há gente que não confia no mercado de banda larga residencial!...