sábado, 17 de maio de 2008

O ovo ou a galinha?

Outro dia, o palestrante foi o técnico de um time esportivo de sucesso.

E durante a apresentação ele começou a fazer inúmeras citações filosóficas.

A pergunta que fiquei me fazendo foi a seguinte:

Esse técnico já posuía todos esses conceitos filosóficos e, como resultado disso é que ele conseguiu o sucesso de seu grupo?

ou...

Ele conseguiu o sucesso do grupo e, depois, foi buscar na Filosofia explicações para o mesmo...?


Dito isso, penso que mesmo que a teoria tenha sido buscada após o sucesso da prática, ele é, claramente, uma pessoa dotada de muitos dons: conseguiu reunir talentos e motivá-los para, com disciplina, lutarem por uma causa comum. E, além disso, está agora repassando conhecimentos filosóficos para outras pessoas.

Se essas "outras pessoas", com esses ensinamentos, conseguirão o mesmo nível de sucesso em suas atividades...

Bem, isso já seria motivo para um outro post!

A tecnologia é boa ou má?

Devemos falar de assuntos relacionados a pessoas, em um blog cujo propósito seria tecnologia?

Inicialmente, consideremos que as empresas, e os lares, e as cidades, e o mundo de uma forma geral, não são feitos de tecnologia, mas de pessoas.


Tire as pessoas de uma empresa e não lhe resta mais nada!

E muitas vezes a tecnologia é colocada à frente das próprias pessoas. Ou, até mesmo, contra elas.

Participei um evento tecnológico em São Paulo (que seria sobre tecnologias wireless) e fiquei impressionado ao constatar que todas as apresentações eram voltadas a sistemas para controle de empregados!

Pontos eletrônicos sofisticados interligados a crachás por tecnologias sem fio; painéis mímicos que "transformam" seres humanos em pontinhos iluminados (azuis, se o empregado está em sua escrivaninha; ou vermelhos, se estiver fora dela); rastreadores de funcionários por GPS ou por triangulação de sinais de celular;
sistemas de controle de veículos, para que se saiba exatamente por onde o empregado está dirigindo em determinado momento; sistemas para saber quais números de telefone o funcionário ligou (ou que ligações recebeu) durante o horário de expediente; e assim por diante...

Tecnologias a serem implantadas por pessoas, para vigiar e controlar pessoas.

Pessoas estas (os empregados) que, a princípio (penso eu!) foram consideradas por alguém como "pouco confiáveis"; pois do contrário, não se precisaria de tanto controle!

Então, pergunto: por que manter, no quadro funcional, pessoas que são vistas como sendo "pouco confiáveis"?
Ou será que já se acha que pessoas confiáveis não existem de vez?

E o impressionante foi constatar a naturalidade com que as apresentações eram feitas! Tudo aquilo sendo encarado como absolutamente normal!

Fiquei pensando: será que essas pessoas só se posicionam como "vendedoras" desse tipo de tecnologia, mas não imaginam que essa mesma tecnologia irá, um dia, ser usada nelas próprias? E será elas gostariam de ser controladas e vigiadas desse modo?

Fiz essa pergunta para alguém que estava ao meu lado. Alguém que não se importou com o meu questionamento, continuando a anotar freneticamente tudo o que era dito lá na frente...

Por tudo isso, entendo que a resposta à pergunta feita no início deste post é:

Sim! Em um blog sobre tecnologia não podemos deixar de falar de pessoas. E das opções que as pessoas fazem. E dos critérios que as pessoas usam. E dos valores pelos quais as pessoas prezam...

...pois a tecnologia, em sí, não é boa nem má.

Boa ou má é a utilização que
as pessoas
fazem dela!



Falta grandiosidade!

Outro dia, ouvi uma pessoa dizendo que "ninguém dá ponto sem nó".

Fiquei pensando: mas será possível que a vida seja realmente assim? Sempre haveria um
interesse pessoal em cada ação que se executa?

E a resposta me veio à mente, clara e rapidamente: é claro que não! Porque se assim o fosse, então não haveria mais
amor no mundo. Pois o que seria o amor, senão justamente doar-se inteiramente ao outro, sem qualquer interesse próprio?

Penso que, na verdade, o que está faltando hoje é o que meus avós chamavam de
grandiosidade.

Porque são os ideais grandiosos que geram homens magnânimos, que valorizam
as causas coletivas e o bem comum; e que vão a luta, com esses valores incrustados em seus corações.

Ideais pequenos, por outro lado, geram homens mesquinos, focados em si próprios, incapazes de comprometer-se com uma causa que ultrapasse o seu egoísmo. Aqui estão os
falsamente prudentes e "bem comportados"; os acomodados, que trocam os ideais mais elevados pelos mais exeqüíveis; os comodistas, que substituem o cume pelo decrive que passa à beira de todos os destinos; os preguiçosos, que subordinam o melhor ao mais fácil e que trocam o esforço construtivo pelas posições de conforto.

E todos esses se unem a essa variadíssima multidão hedonista, dos que vivem mais de desejos e sensações do que de ideais, dos que se alimentam mais da superficialidade das imagens televisivas (ou dos "poucos cliques" de informação na Internet) do que do aprofundamento através da
leitura, por intermédio do estudo e por meio da reflexão, que (estes sim!) cultivam a inteligência e formam critérios.

Chegamos, então, ao título dessa mensagem: falta
grandiosidade! É necessário que nos esforcemos para sair da superficialidade daqueles que pensam que satisfação é simplesmente encher o estômago (coisa a que 'os animais' se limitam!). Como seres humanos, somos muito mais do que estômago. Somos também cabeça, e, portanto, devemos estar permanentemente zelando pelo nosso intelecto. Mas vamos, ainda, muito além disso: somos também coração, isto é, pessoas com capacidade de amar.

E creio que amar, no melhor sentido da palavra, seja uma determinação firme da vontade de que venha a ser alcançado
o bem dos outros.

Mas, para isso, é preciso que antes reaprendamos a colocar o
"nós" antes do "eu", sem o que nunca haverá grandiosidade.

Pois, sem "nós", realmente ninguém mais dará "ponto sem
".

E seremos todos
medíocres.

E completamente...

...infelizes.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Filadélfia: projeto com a EarthLink cai por terra

Em um negócio de base tecnológica, tecnologia é quase sempre meio, e não fim. Mas muitos esquecem-se disso.


Na Filadélfia, a Prefeitura havia lançado um projeto através do qual todo o município seria coberto por rede sem fio, Wi-Fi. O projeto virou uma sensação e passou a ser citado, não só nos EUA, mas em todo o planeta.

Recentemente, a empresa que instalou os hotspots, a EarthLink, desistiu do empreendimento, dizendo que o "modelo de negócios com o Wi-Fi não pode ser viabilizado". Já a Prefeitura diz que "o projeto, se continuasse, acabaria saindo muito caro à população".

Veja mais (em Inglês) sobre esse assunto aqui e aqui (esta segunda matéria, apresenta com detalhes o que aconteceu).

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A luz que falta nas empresas

São em geral muito bons os textos do Clemente Nóbrega, publicados periodicamente na revista Época Negócios.

Nóbrega diz, por exemplo, o seguinte:

É curioso que mesmo com todo o blá-blá-blá atual sobre “a importância das pessoas”, não haja progresso na área de gestão de pessoas. Há progresso no uso de novas tecnologias, há avanços em marketing, em governança, em ferramentas de gestão tipo BSC e CRM, mas, com relação a “pessoas”, o que chama a atenção é a quantidade de gente infeliz, “abafada”. Não é que falte talento às empresas; as pessoas não são incompetentes. Não é tecnologia, recursos, infra-estrutura, nada disso. Falta um certo “algo” que geraria luz se existisse, mas, como raramente existe, o que há é abafamento. Calor.

Não vá pensar que estou de má vontade. Ao contrário, sou fã dessa tecnologia, recentíssima na história da civilização, a que chamam empresa. Ela, como a entendemos hoje, é essencial para tornar produtivo o esforço humano. É indispensável para o progresso e a prosperidade de pessoas e países. Tudo isso é fácil demonstrar. Mais sutil é entender por que temos de conviver com tanta frustração, “calor”, no dia-a-dia. Por que temos de pagar preços individuais tão altos para que “a empresa” tenha sucesso. Empresas de sucesso, pessoas infelizes. Tem que ser assim?

E ao continuar, Nóbrega fala sobre gestão de pessoas e diz que liderança não é para qualquer um...

Liderança é a mais relevante função gerencial nesses tempos em que conhecimento e inteligência são a matéria-prima do sucesso de pessoas e empresas. Liderança não é para qualquer um, pois exige, entre outras coisas, uma enorme integridade pessoal. Integridade tem custo. Um custo que é muitas vezes insuportável para pessoas “comuns”. É por isso que chefes são comuns, líderes são raros. É por isso que há muitas empresas de sucesso, mas pouca gente feliz lá dentro.

Segundo Nóbrega, criatividade é fator decisivo, porém...

Ninguém discorda: num mundo em que coisas – produtos, objetos, artefatos etc. – tendem a virar commodities, a criatividade é o fator decisivo. Ainda assim, gente é o “ativo” menos cientificamente gerenciado nas organizações. Por que será que isso é assim se são pessoas que fazem as coisas acontecerem e, apesar de tudo, as coisas acontecem?

A conclusão a que cheguei foi a seguinte: há mais calor que luz nas organizações porque a maior parte delas é ruim de gestão de pessoas. É ruim de gestão. Ponto.

É isso mesmo: gestão de organizações é gestão de pessoas.

Já houve tempo em que se pensava que gestão era sobre finanças, tecnologia, logística, fabricação, mas essas coisas se compram. Gestão é sobre gente. Gestão é difícil porque “gente” é desenhada (e mal desenhada) pela biologia para pensar primeiro em si, não no “grupo”. Gente é falha no pensar. Gente (sem trocadilho!) é um problema, pessoal! Quer resultado por meio de pessoas? Implante um sistema que contorne o que a biologia nos impõe. Gestão de pessoas deveria ser essencialmente sobre isso.

Recusamo-nos a reconhecer o que existe de fato: o chimpanzé interesseiro e cheio de “defeitos de fabricação”, que é o que a média das “pessoas” é, incluindo seus líderes, naturalmente.

Isso não é uma figura de retórica – tirando o “chimpanzé”, que está meio exagerado – é a base sobre a qual repousa nosso melhor entendimento sobre o que são “pessoas” e como elas agem. Não dá para acreditar numa gestão de pessoas que não leve isso em conta.

Mas o que pode ser feito? Qual é o segredo? Eis o que Nóbrega diz a respeito...

A chave para o sucesso das organizações não pode ser (e não são) pessoas especiais. São pessoas “médias” operando em sistemas gerenciados. É a gestão que nos habilita a trabalhar em conjunto com outros e colaborar em grupo sem ímpetos assassinos. Não me xingue, mas o sistema – ou seja: a gestão – é mais importante para a performance do que “as pessoas”. Muito, muito, muito mais.

Esse é o “segredo sujo” do mundo das organizações. Pode não soar muito virtuoso, mas é assim. Não existem “pessoas especiais”, esqueça essa bobagem. Só existem pessoas “médias” que um certo ambiente, desenhado e gerenciado intencionalmente para tal, torna especiais. Líderes sim, têm de ser especiais num sentido preciso; liderados não.


Uma gestão de pessoas (empresas/organizações) que parta das premissas certas provém foco, rumo e ilumina o cenário.

Traz luz.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Inovação planejada?

O livro The Black Swan (de Nassim Nicholas Taleb) foi o não-ficção mais vendido pela Amazon.com ano passado.

Taleb diz o que eu sempre achei: que as tecnologias que movem o mundo (Internet, computador, laser, etc) não foram projetadas para serem o que são; e que o Viagra foi descoberto, não inventado (buscava-se algo para a hipertensão, com o "n" no meio!).

O padrão da “grande inovação” é: você procura algo intencionalmente (uma nova rota para a Índia, por exemplo) e descobre o que não imaginava (a América!).

Para Taleb, nossa noção gaussiana de “normal” é ignorância. Eventos notáveis têm três características: são imprevisíveis, têm alto impacto e, depois que aparecem, são fabricadas narrativas que os explicam, dando a ilusão de que podiam ter sido previstos. Já falamos sobre isso aqui e também aqui.

O Google e o 11 de setembro estão nessa categoria. Muitos hits na música, cinema, literatura, também. Imprevisíveis.

Taleb diz que nos últimos 50 anos, os 10 dias mais extremos nos mercados financeiros foram responsáveis por metade dos retornos. Dez dias em 50 anos!

Entretanto, somos enrolados diariamente pela “conversa mole” das “explicações” dos “gurus”.

O livro é espetacular!


Buscando links

Enquanto os comentários do UMBERTO têm ECO, este blog continua praticamente sem.

Mas continuamos insistindo, na nossa firme convicção de que o melhor da Internet é construir “pontes” e conectar idéias.



Mesmo que as conexões demorem bastante a ser estabelecidas...




segunda-feira, 12 de maio de 2008

Umberto Eco: Internet provocará perda de memória

A velocidade com que a Internet evolui, diz Umberto Eco em uma entrevista, vai provocar a perda de memória.

E isso já acontece com as gerações jovens, que já não recordam nem quem foram Franco ou Mussolini!

A abundância de informações sobre o presente não lhe permite refletir sobre o passado. Ela é uma perda, e não um ganho.

Confira a entrevista na íntegra.

BBC discute o futuro da Internet



Leia aqui (em Inglês) vários diagnósticos e previsões a respeito do futuro da Internet.

Comunicação: uma via de mão dupla

Um pouco mais, sobre o mesmo assunto:

Há milhares de cursos, vídeos, livros, CDs e DVDs disponíveis sobre
oratória.

Agora eu lhe pergunto: quantos você já encontrou sobre a arte de
ouvir?

As companhias de marketing já descobriram, há muito tempo, a necessidade de ouvir o público consumidor. Agora, as empresas de Internet e telecomunicações é que estão despertando para isso...

...embora a grande maioria dos sites são, ainda, muito mais direcionados para "falar" aos consumidores sobre o que a empresa faz e comercializa, do que "ouvi-los" sobre as suas necessidades, interesses, desejos, satisfações e insatisfações.



domingo, 11 de maio de 2008

Nova web: ouvindo mais, falando menos


Para mim, uma grande sacada na Internet foi quando as pessoas descobriram que ela seria muito mais útil para
ouvir as pessoas, do que para falar algo para as pessoas.

Procurei encontrar um livro que tratasse desse assunto. Achei o seguinte, que ainda não li, mas os comentários sobre o mesmo, na Amazon.com, são bem bons!


Déjà vu


Muito bom este livro do James M. Kilts; sugiro a sua leitura! Ele é sobre fazer, nas organizações, aquilo que realmente importa. Um conceito simples, mas que dificilmente é seguido.

Você não concorda com isso? Pois leia o livro e constate os inúmeros casos que (tenho certeza!) você mesmo já presenciou em alguma empresa para a qual você tenha trabalhado.

Por exemplo, à pág. 3, ele diz o seguinte:

É preciso somente priorizar aquelas coisas nas quais você deve efetivamente prestar atenção no seu trabalho, colocando bem no final da lista aquelas que você deve ignorar. Mas faça isso de forma revolucionária: rapidamente e com decisão. Veja que, mesmo com o desastre batendo à porta da empresa, ainda há gerentes, dos níveis mais baixos aos mais elevados, que ainda preferem realizar "mudanças de layout", preocupando-se com re-arranjos no posicionamento de mesas e cadeiras!...




Opinião: o resgate da comunicação no trabalho

Com o avanço das TICs, parece que aqueles que trabalham em escritórios têm ficado cada vez mais distantes, uns dos outros.


A maior interação, hoje, é a da pessoa-máquina, não mais a da pessoa-pessoa. Estar à frente de um computador é que passou a ser, para alguns, sinal de "trabalho eficiente". Mas sabemos que isso não significa, necessariamente, produção; quanto menos, produção com qualidade!

O fato é que, no trabalho, passamos a nos comunicar menos, frente à frente. E as pessoas passaram a detestar as reuniões, até porque estas, pela própria característica dessa nossa sociedade pós-moderna, passaram a ser mais superficiais, menos objetivas e, portanto, mais desinteressantes e mais cansativas.

As novas gerações, embora mais informatizadas (e exatamente por este mesmo motivo!) perderam o hábito de irem a fundo nas questões mais importantes: bastam-lhes, hoje, três cliques de informação e já se consideram experts em determinado assunto.

É necessário que nos informatizemos e que nos modernizemos. Mas também é preciso que resgatemos o método filosófico de irmos até os últimos "por quês" das coisas. Precisamos voltar a saber argumentar, com grande conhecimento e competência; pois, do contrário, seremos sempre conduzidos e, assim, entregaremos aos outros a nossa capacidade de escolher entre o que é bom e o que é melhor para nós mesmos!

Mas, como podemos viabilizar esse resgate?

Buscando conhecer tudo mais a fundo; e procurando, frente à frente, interagir e SE COMUNICAR mais!



Se este maluco chegou lá...


Veja que este é executivo que comanda a Microsoft.
Portanto, estes seus dez videos
nos dão grande esperança
quanto às nossas próprias carreiras!