quinta-feira, 5 de abril de 2007

Cuidado com os burros

A revista Isto é publicou uma entrevista intitulada Cuidado com os burros, com Dr. Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com pós-graduação em Administração de Empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.

Em um determinado momento da entrevista, o Dr. Shinyashiki usa o exemplo das escolas de música para mostrar uma das sérias deficiências de nosso sistema educacional, que tenta "engessar" os alunos, e, assim, inibe ao invés de estimular a sua criatividade.

Veja o que ele fala:

"Hoje, o erro das escolas de música
é definir o estilo do aluno.
Elas ensinam a tocar como o
Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.
Os MBAs têm o mesmo problema:
ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.
O que as escolas deveriam fazer é
ajudar o aluno a desenvolver
suas próprias potencialidades".

De fato, temos visto o resultado disso, claramente, em empresas brasileiras: os novos funcionários chegam com pequena iniciativa e sem o hábito do exercício da criatividade. São apáticos, indolentes e esperam para agir unicamente mediante uma ordem do chefe.


E a raiz desse problema começa cedo, nas salas de aula de nossas escolas.

Quem vive nas regiões Sudeste e Sul do país, vive comparativamente em um "paraíso educacional". Em outras regiões, no entanto, constata-se que os alunos se iniciam muito tarde na pesquisa científica e tecnológica: o ensino de ciências é precário e em geral não motiva crianças e adolescentes para a investigação da natureza e de seus fenômenos. São raríssimas as escolas nessas regiões em que, em seu currículo de ciências e das disciplinas com maior apoio científico, seguem um método de ensino que leve o aluno a recriar, pela experimentação, o processo histórico da geração da ciência: observação dos fenômenos e depois as diversas fases da elaboração do conhecimento científico. Algumas escolas promovem, é verdade, Feiras de Ciências, mas em geral pouco preparadas e sem empenho numa continuidade sistematizada quanto a temas e participantes. Elas servem mais para demonstração de final de cursos do que para fazer surgir e cultivar cientistas-mirins, descobrindo talentos e envolvendo ainda mais os já descobertos.

Nos países mais desenvolvidos, são bastante utilizados mecanismos institucionalizados, para despertar crianças e jovens à exploração científica. Lá, estruturas dinâmicas interativas, chamadas "Exploratorium" ou "Museu de Ciência" ou ainda "Casa da Ciência", permitem ao aluno realizar experiências, verificar e analisar seus resultados e ser, assim, desde bem cedo, introduzido a conceitos fundamentais da pesquisa científica e do desenvolvimento tecnológico. Outros processos deveriam ser instituídos, nacionalmente, para motivar, atualizar e desenvolver os professores dos ensinos básico e fundamental como agentes estimuladores, nos alunos, do espírito de descoberta do saber.

Insiste-se: é importante realizar essa iniciação desde muito cedo, quando o potencial criativo tende a ser maior, e o desenvolvimento intelectual e seu direcionamento ainda não estão influenciados por opiniões ou pelo meio em que se vive. E se isso não for feito, e com a seriedade com que o assunto demanda, jamais conseguiremos formar profissionais para atuarem nas empresas com iniciativa e espírito criativo!

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Marcos

No texto citado o autor destaca:

1- O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informatica e mandarim.
Aos nove ou dez anos a depressão aparece.

A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança.

Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.

2- As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.

Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.

Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.

Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema.

3- Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

Eurico Maranhão