Inovação e o problema do pensamento realista
A grande maioria dos produtos e serviços que são lançados no mercado como sendo "inovação", na verdade são, apenas, o resultado de umaprogressão tecnológica ou de uma otimização em torno de algo que já estava no mercado antes.
Uma inovação 'de fato' é aquela que muda de forma significativa (e cria) um mercado.
Por exemplo: quem poderia imaginar que, no meio de tantos tocadores de MP3 (que já existiam há alguns anos), viria a ser lançado um aparelho oferecendo músicas com formato proprietário, sem tocador de rádio, e, mesmo assim, deixar milhões de adolescentes, crianças e adultos totalmente fascinados por ele? Pois o Steve Jobs, da Apple, imaginou exatamente isso!
No cenário das TICs, muitas pessoas fazem "progressão tecnológica", mas pouquíssimas têm a capacidade (o talento, o "flair") para realmente inovar. O Steve Jobs é, definitivamente, uma delas. E é por isso que sempre fico muito atento aos movimentos dele, pois tendem a ser, sempre, revolucionários.
Sobre esse assunto, segue um tópico para a sua reflexão:
Vamos supor que, há cerca de 5 anos, uma empresa que já produzia tocadores de MP3 desejasse inovar; e, para isso, decidisse contratar uma pesquisa de mercado. O que essa pesquisa provavelmente diria a essa empresa? Certamente, proporia aumentar a capacidade de armazenamento dos tocadores para ziliões de gigas, sugeriria a inclusão de rádio no equipamento, a adoção de formatos cada vez mais abertos, e, por aí, a coisa iria... Mas, de real inovação, necas!
O fato é que inovação não provém da opinião dos consumidores. Quando esses são entrevistados, a grande maioria dirá coisas do tipo: "seria bom se o meu equipamento tivesse maior armazenamento"; ou, "gostaria que as minhas fotos fossem de maior resolução"; ou ainda, "queria que a minha conexão à Internet tivesse uma taxa de transmissão maior".
Entretanto, ao buscar oferecer essas "demandas", a empresa não estará inovando, mas simplesmente tornando maior uma funcionalidade já existente. O ponto aqui é que se pode melhorar a qualidade (de algum produto ou serviço) sem inovar! E isso é o que geralmente ocorre!
Para inovar, outras características são necessárias, como intuição, "insight", capacidade de enxergar "fora do quadrado", além de sabedoria e coragem de tubarão para nadar contra a corrente. Para que a inovação ocorra, é necessário não ser pessimista. Mas, também, é preciso não ser realista (pois os realistas são os que mais mal fazem para a capacidade de inovar). Em resumo: é necessário que haja, em uma equipe de desenvolvimento de novos produtos ou serviços, uma boa dose de utopia, sem o que jamais surgirá algo que realmente revolucione, que crie novos mercados (e "utopia", aqui, não é ter um pensamento secularizado, nem significa a negação do mundo, conforme descrito por S. Thomas Morus; mas é, sim, manter o coração no alto e os pés no chão, com otimismo e Esperança).
E, se você ainda é daqueles que acha que só cabem em uma empresa pessoas "realistas", então você não é, nem de perto, um "Steve Jobs". Mas não se importe com isso: poucos são os que valorizam, dão espaço e apostam no pensamento utópico, razão pela qual poucos, de fato, realmente inovam.
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