terça-feira, 11 de março de 2008

Reflexão: nem sempre o melhor é o melhor

Quando uma barragem é projetada, estima-se o que se chama Período de Recorrência. Trata-se do tempo médio em que a vazão de projeto é igualada ou superada. Assim, se o Período de Recorrência é, por exemplo, 1/10.000, isto significa que aquela vazão ocorrerá, em média, uma vez a cada 10.000 anos (obviamente, ela pode ocorrer 'amanhã', pois trata-se apenas de um conceito probabilístico, calculado estatisticamente).

Acontece que, construir uma barragem com esse nível de segurança pode sair (e freqüentemente este é o caso!) muito caro. Deste modo, o projetista diminui o Período de Recorrência, assumem-se os riscos decorrentes disso e a construção da barragem fica, como conseqüência, financeiramente viável para quem vai pagar por ela.

O mesmo deve ocorrer no cenário das Tecnologias de Informática e Telecomunicações, as TICs. No passado, empresas que só consideraram a "qualidade" tecnológica de seus produtos obtiveram fracassos monumentais.

Um bom exemplo disso é o do VHS, que ganhou do BETAMAX, embora este fosse muito superior àquele (veja aqui).

Coisa parecida ocorre com os APPLE MACs, que, embora muito superiores aos PCs, não vendem tanto quanto estes (veja aqui.). Embora esta seja uma opção planejada e muito bem avaliada pela APPLE!

Agora, assistiremos à queda do HD DVD, com a ascensão do BLU-RAY da Sony, como mostra esta matéria da Reuters, assunto que também está aqui.

São exemplos que nos levam à constatação de que nem sempre a oferta do SUPRA SUMO da tecnologia (a mais CONFIÁVEL, a mais ROBUSTA, a mais MAIS) é que produzirá os melhores resultados empresariais.

Outros fatores (como PREÇO e INTEROPERABILIDADE, por exemplo) precisam entrar na balança!

Em resumo: nem sempre o melhor (em termos unicamente 'de tecnologia') será o melhor (em termos de 'retorno financeiro'). O projetista do produto ou serviço deve colocar todos os fatores influentes na balança e, se necessário for, "diminuir o Período de Recorrência"; assumindo, assim, os riscos decorrentes disso, para que, então, possa obter maior retorno.

(Reedição de texto datado de 19.fev.2008)

Um comentário:

Unknown disse...

Marcos
Gostei muito deste seu comentário, sobre a necessidade das tecnologias terem outros fatores, além da qualidade, para atingirem sucesso no mercado.
Grade abraço
André Zacarias Queiroz