terça-feira, 11 de março de 2008

Futuro próximo

Quais são as tendências ou acontecimentos previstos para o setor das Tecnologias de Informação e Telecomunicações neste ano?


É claro que, qualquer previsão que se tente fazer tende a se alterar ao longo do tempo, porque o setor é bastante dinâmico e, portanto, sujeito a inúmeras surpresas.

Entretanto, entendo que já podemos tentar antever algumas coisas, com um certo grau de segurança. Aqui vão elas:


    1. Aquisições. As aquisições e fusões deverão continuar, até porque o setor descobriu a convergência digital como sendo um grande negócio e, além disso, os players estrangeiros são muito fortes e os da terrinha têm que se unir, se desejarem competir (ou mesmo, sobreviver!). A aquisição da BrT pela Oi é das mais importantes e deverá colocar o nome Jereissati no mapa das telecomunicações (aliás, o mesmo Jereissati é quem deve estar abrindo, ainda neste ano, a primeira loja da Apple no Brasil, que provavelmente se localizará no Shopping Iguatemi, em São Paulo). E o Carlos Slim deverá continuar adquirindo empresas por aqui, com vistas a oferecer serviços convergentes (quadri-play). No cenário internacional, algo de importante certamente vai ocorrer com a Yahoo! (ou ela será adquirida pela Microsoft, ou pela própria Google; ou, senão, minguará).

    2. WiMAX Móvel. Não há muito mais a se dizer a esse respeito, sendo esta uma tecnologia sobre a qual já temos discutido há muito tempo. Só não sei o que vai ser das operadoras e prestadoras de serviços que têm implementado e comercializado redes fixas de WiMAX (ou Pré-WiMAX). Elas poderão adaptar suas redes ao sistema móvel? Com que alterações? E quanto isso custará? São perguntas que, no meu entendimento, são importantes e nos levam, a esta altura, à conclusão de que o momento é de esperar a consolidação do WiMAX Móvel para qualquer avanço no uso/comercialização dessa tecnologia.

    3. Portabilidade Numérica. Também já discutimos bastante isso. Trata-se da possibilidade de os usuários mudarem de operadora, conservando o mesmo número de telefone. Isso certamente gerará uma maior concorrência entre as operadoras. Conversei na semana passada com ogerente de marketing da GVT, o qual me informou que a área dele está, por vários meses, quase que só tratando deste assunto específico. Isso é um indicativo de que a portabilidade numérica está realmente chegando, devendo acontecer ainda este ano (embora as datas de lançamento já tenham sido alteradas, por várias vezes).

    4. Redes 3G. Isso já começa a ser realidade. No entanto, vejo como um problema a penetração dessa tecnologia. As operadoras olham para o que chamam de "ARPU" (Receita Média Por Usuário), sendo que só encontram valores que elas entendem como "significativos" nos maiores centros, isto é, nas grandes cidades. Assim, só podemos esperar que as operadoras descubram planos de negócios atrativos, de forma que o 3G (e os aparelhos compatíveis) possa avançar a preços razoáveis; pois, se isso não ocorrer, os serviços ficarão limitados exclusivamente às maiores cidades e às classes de maior poder aquisitivo (e, assim, o futuro do 3G seria bem menos do que se espera).

    5. Quadri-play (também chamado "Quad-play", ou ainda, para quem preferir, "Quadruple-play"). Trata-se da oferta de serviços em pacote (bundle), incluindo: telefonia fixa + telefonia móvel + banda larga + TV por assinatura. Não há dúvida de que essa é a tendência, sendo que já está havendo uma forte movimentação de operadoras no sentido de que isso seja viabilizado.

    6. IPTV. Trata-se da entrega de conteúdo por meio de plataforma IP (Internet Protocol), sendo que a combinação das siglas IP+TV insere-se dentro do conceito da convergência de mídias (voz + vídeo + dados). É um Serviço de Valor Adicionado que deve proporcionar fontes adicionais de receita às operadoras, aumentando o "ARPU" e a reduzindo o "CHURN" (taxa de evasão). E é um assunto que deve nos interessar, pois os players do setor televisivo precisam de infra-estrutura de rede.

    Foram geradas algumas divergências quanto ao conceito de IPTV. Já li artigos citando IPTV como a entrega de programação por meio de uma rede fechada, para uma TV dedicada. E já li outros, definindo IPTV como a entrega de conteúdo de vídeo pela rede aberta (Internet), em computador (embora esse serviço seja verdadeiramente chamado de WebTV).

    Independentemente dessas confusões, a veiculação de conteúdo televisivo por meio de tecnologia IP (permitindo o uso de uma rede de banda larga para entregar conteúdo de TV acrescido de serviços interativos), propiciará ao setor de telecom a oportunidade de entrar em uma área que, até então, era monopolizada pelas chamadas "radiodifusoras".

    A essência é que, com o maior uso da web, e com a liberdade que ela proporciona, as exigências dos usuários mudaram, sendo que estes, atualmente, já não se sentem mais satisfeitos em ter as radiodifusoras ditando 'quando' e 'qual é' a programação que eles devem assistir. Os usuários desejam, com a TV, o mesmo tipo de flexibilidade e liberdade de escolha que a web lhes proporciona! Hoje, o pessoal de mídia escolhe conteúdos que eles "acham" (ou que as pesquisas determinam) que terá maior apelo às massas (e aí vêm os IBOPEs da vida, medindo os resultados obtidos). No entanto, com a IPTV, vejo que isso mudará completamente, e a palavra-chave passará a ser personalização. E, assim, todo o conceito de televisão será alterado. Bem como (e especialmente!) o das propagandas.

    Entendo, no entanto, que a TV continuará sendo o meio de comunicação mais eficiente para entretenimento, informação e educação em massa, considerando que os aparelhos de TV ainda são os equipamentos eletrônicos residenciais mais populares em todo o planeta (vi recentemente uma estimativa de que há quase 2 bilhões de aparelhos de TV em funcionamento!). Por isso, acredito que a TV convencional ainda existirá por muitos anos (certamente com os aprimoramentos rumo à digitalização do sinal e da TV de alta definição, chamada de "HDTV", dentre outros que deverão aparecer). E, além disso, a IPTV ainda carece de regulamentação, aprendizagem por parte dos setores envolvidos e, certamente, de grandes investimentos em infra-estrutura.

    E é exatamente aqui que podemos entrar: na infra-estrutura! O acesso em banda larga passa a ser o veículo utilizado não apenas para se utilizar a Internet (e fazer chamadas telefônicas usando VoIP), mas também para assistir à TV (e interagir através dela, dispondo de serviços de vídeo sob demanda, gravação seletiva de programas e jogos on-line)! Ou seja, ele passa a ser o meio de transporte de inúmeros serviços digitais para uma residência (a verdadeira convergência digital em casa!).


São algumas frentes que deverão evoluir durante este ano. Há outras, certamente (que também poderão nos influenciar, de uma maneira ou de outra). Deste modo, os seus comentários, desenvolvendo ainda mais este tema, são muitíssimo bem-vindos!


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