domingo, 24 de maio de 2009

É a economia, bobo!

Concordo com Marcuse quando, ao abordar o "homem unidimensional", diz que a racionalidade econômica se tornou uma forma asfixiante para a sociedade e para os indivíduos.

O dinheiro pode fazer o mundo girar, mas Maslow já nos mostrava que é a busca da auto-realização dos indivíduos que faz o mundo mudar!

Entendo que a forma de percepção do mundo, dogmatizada pelo pensamento estritamente econômico (o que se cristalizou no Séc. XX), equivale a viver em uma espécie de "jaula cognitiva", uma prisão mental, onde não importa a natureza dos problemas que vivemos ou os desafios que estamos enfrentando (como indivíduos, comunidades, cidades, estados, países e até mesmo como "planeta"). Nessa visão, só nos resta uma saída: o crescimento econômico!



Creio que este é um modo simplista e totalmente determinístico-cartesiano-newtoniano de ver o mundo, o que a geração Web 2.0 está destruindo, e o faz rapidamente. Muitas preocupações e perguntas novas estão surgindo, que os argumentos puramente financistas já não conseguem, por si só, responder.

A minha percepção é que, nesse sentido, os gestores que são focados unicamente na economia ainda estão caminhando de costas para o futuro. Ignoram, por exemplo, questões cruciais associadas à produção e ao consumo, como é o caso da poluição e do meio ambiente. Sem falar naquelas mais diretamente associadas às condições dos indivíduos, como as tensões, a ansiedade, o estresse (isso tudo, muitos acham, seria "humano demais" para ser considerado, pois o trabalhador deve ser visto simplesmente como um "recurso" humano, isto é, um meio para que empresa alcance o seu fim, que seria puramente em termos de "os melhores resultados financeiros", ou seja: mais "recursos", mais rapidamente!).

Carville fez Clinton vencer as eleições presidenciais dos EUA em 1992, lançando a frase "it's the economy, stupid!"(é a economia, bobo!), com a intenção inicial de "enquadrar" Al Gore, que não era apenas focado na economia, mas também em outros valores.

Bem... Al Gore ganhou o Prêmio Nobel da Paz, exatamente pelas suas preocupações que extrapolam o puro desenvolvimento econômico.

O poder dos gestores de visão puramente financista começa a ser corroído. A sociedade pedirá, cada vez mais, pessoas de visão mais ampla, que consigam conciliar o desenvolvimento econômico com o desenvolvimento sustentável, adicionado ao progresso, ao bem estar e à felicidade das pessoas.

E a boa notícia (apesar de alguns não perceberem isso!) é de que a relação não é excludente! Ou seja: não se trata de uma coisa "OU" outra, mas de uma "E" outra:

Desenvolvimento econômico "E" desenvolvimento/felicidade das pessoas.



E não digo isso "na teoria". Em todos os projetos em que estive envolvido até hoje, sem exceção, a equipe que trabalhou comigo sempre produziu de forma muito alegre e motivada, aprendendo e crescendo (como pessoas e profissionalmente); e viabilizamos, juntos, empreendimentos que geraram o desenvolvimento empresarial e que, simultaneamente, proporcionaram melhorias na condição de vida das pessoas (usuárias dos novos produtos/serviços gerados).

Assim, posso afirmar: é possível!

Basta que se queira.


3 comentários:

Anônimo disse...

Marcos

Tudo depende essencialmente de uma visão eficaz, objetiva e realista da vida, nela procurarmos o egocentrismo ou o socialismo, a visão de bem comum. O ser humano nasce egoísta e a educação poderá corrigir isso que é essencial ao bebê. Maslow é perfeito mas cada degrau e a forma de ocupar esses espaços depende de algo extremamente complexo que é o ser humano, sua sensibilidade a tudo e à forma de construir seus algorítimos. Com certeza a visão dos economistas é técnica, merecendo sempre ser compensada/comparada/negociada com outras visões.

relatar atividades culturais e reuniões da Academia de Letras José de Alencar - ALJA disse...

O comentário (que termina com "comepensada/compada/negociada")foi publicado como anônimo, devo ter clicado no lugar errado.
João Carlos Cascaes
24 de maio de 2009

Valéria Prochmann disse...

Por isso surge o novo conceito de FIB Felicidade Interna Bruta, muito além do PIB. Parabéns!