terça-feira, 27 de maio de 2008

Liberdade: uma opinião


Recentemente, procurei refletir a respeito de o que significa dizer que «a liberdade de um acaba quando começa a liberdade do outro».


Conclui que isso não poderia ser pensado no sentido temporal, pois significaria que cada um teria “a sua hora” de ser livre. E também não poderia ser sob a ótica espacial, pois a liberdade não é como um terreno delimitado por um muro. Assim, cheguei à conclusão de que aquilo que se pretende dizer é, de fato, que “o direito à liberdade de um tem como limite o direito à liberdade do outro” (portanto, o sentido da frase é moral).


Seria possível, então, concluir que cada indivíduo teria um direito à liberdade? Mas, para se tratar disso, seria então necessário ter critérios para definir o que deve ser considerado “livre”.


Entretanto, quando se diz que «a liberdade de um termina quando começa a liberdade do outro», geralmente evita-se entrar na questão de “o que é liberdade?”. Assim, as pessoas comumente limitam-se a falar do “exercício da liberdade”, sem questionarem o que seja “a liberdade” propriamente dita!


«Posso fazer tudo desde que não interfira na vida do outro». Seria isso possível? Seria esse o único critério para estabelecer aquilo que se pode (ou não se pode) fazer? Enquanto os direitos do outro não forem lesados, cada um pode agir como lhe agrade, a seu “bel prazer”?


Mas como se pretende isto se nossas vidas são naturalmente afetadas, umas pelas outras? Não temos deveres recíprocos, uns para com os outros? Quando nos deparamos com a realidade, verificamos que a organização social não é obra de um livre consentimento. É necessário que eu aceite a liberdade do outro.


Aí aparece algo curioso: «a liberdade resulta do livre consentimento dos indivíduos, e por outro lado, é fruto de um consentimento necessário, porque é preciso garantir a sobrevivência das liberdades individuais». É exatamente desse pensamento que surge a fórmula: «a liberdade de um termina quando começa a liberdade do outro». E é daqui que se conclui que esse critério é necessário, mas não suficiente. Pois, se fosse um critério único, independente de alguns valores (passados por meio da educação, pela convivência familiar e através de uma tradição; e aplicados mediante o uso da prudência), as pessoas estariam encerradas em seus “EUs” e cada um seria absolutamente egoísta; e pobre em espírito!


Da idéia que a liberdade seria “não conhecer limites”, cai-se no princípio de que a liberdade só pode existir dentro de limites determinados pelas exigências da convivência.


Assim, no meu entendimento, os problemas que enfrentaremos no Século XXI, como os decorrentes da limitação de recursos, aumentarão a demanda por uma mútua cooperação, isto é, por uma sociedade que tenha valores mundialmente compartilhados, tais como os direitos humanos fundamentais.


Deste modo, vejo que a humanidade certamente buscará alternativas para a questão da liberdade. A máxima liberal «a minha liberdade termina quando começa a do outro» será naturalmente alterada, sendo que, na minha opinião, deverá caminhar em direção à visão cristã, vindo a ser, portanto, bem mais solidária, pois a minha liberdade também é responsável pela liberdade do outro. Desta forma, a minha liberdade não termina, mas continua com a liberdade do outro.


Estas inter-relações fazem com que todos se reconheçam como indivíduos de uma mesma comunidade moral, compartilhando e não restringindo a liberdade uns dos outros.



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