quarta-feira, 18 de junho de 2008

A "Geração Y" está chegando. Quais as conseqüências?

Ao contrário do que alguns de meus amigos e colegas acham, dificilmente eu me entusiasmo com alguma tecnologia. Por outro lado, sou completamente fascinado pelas transformações sociais que as tecnologias proporcionam, isto é, as modificações que produzem nos comportamentos, nas formas de pensar e de agir.

Está começando a chegar às empresas a chamada Geração Y, constituída por aqueles que nasceram entre 1979 e 1995, cresceram com computadores e celulares, e são tão familiarizados com as tecnologias que estas lhes passam despercebidas. Tecnologia, para eles, é simplemente parte de suas vidas, ou parte "de tudo"!


Acontece que, muito em breve, esses jovens vão passar a conhecer os departamentos de informática e telecomunicações das suas empresas. E aí começarão os conflitos, pois logo perceberão que não poderão fazer inúmeras coisas de que gostariam, e vão constatar que receberão milhares de justificativas e desculpas bem-intencionadas, do tipo:

"é preciso entrar com o seu pedido na fila"

"quem estabelece a prioridade é o Conselho"

"isso não é possível, pois afetará a segurança do sistema"

"esse aplicativo que você desenvolveu pode estar resolvendo algum problema no seu setor, mas precisaremos desativá-lo, porque está fora dos padrões estabelecidos pela empresa"

"você não pode acessar tal site por causa dos filtros que colocamos... Você sabe, eles são para aumentar a produtividade empresarial"

"não podemos aumentar o seu espaço em disco, é preciso que o seu gerente aprove isso antes"

"essa é a maneira com que sempre trabalhamos... E sempre deu certo!".

Prevejo que a Geração Y simplesmente não suportará esse tipo de coisa! E, como conseqüência, posso também prever que algumas novas atitudes passarão a ser brevemente verificadas nas empresas, como por exemplo:

1. Vários usuários passarão a levar para o trabalho os seus notebooks (conectados por GPRS, 3G, Wi-Fi, etc) e os seus smartphones. Assim, usarão ao máximo seus próprios equipamentos; e os da empresa, somente quando isso for estritamente necessário.

2. Os usuários passarão a escolher e utilizar os seus próprios aplicativos e ferramentas.

3. As empresas não acharão outro meio senão o de aumentar a flexibilidade de horário de trabalho. Como resultado, mais "profissionais móveis" passarão a existir (aqueles que não mais trabalharão em um ponto fixo, como numa "mesa de trabalho", mas "em qualquer lugar").

4. As empresas perderão muito em controle de recursos (a menos que se trate de um ambiente onde haja uma elevadíssima preocupação com segurança, o que não ocorre na maioria dos casos).

5. Segurança, privacidade e confidencialidade serão muito mais difíceis de se gerir.

6. Em pouco tempo, as TICs serão descentralizadas. E, se a "velha guarda" desses departamentos resistir a isso, certamente perderá na queda de braço.

Então, finalmente, quando a Geração Y passar a assumir postos gerenciais, aí teremos empresas completamente diferentes das que conhecemos hoje!

O tempo mostrará...

2 comentários:

Jefferson disse...

Muito bom Marcos!

Para ilustrar ainda mais, a previsão 1 já é realidade nos EUA, e já acontece o pior: as empresas estão entrando numa guerra para impedir a entrada de equipamentos pessoais no ambiente de trabalho.
Isso já acontece tão fortemente que já foi assunto no Dilbert do dia 25/Mai (clique aqui).

Abraços.

Anônimo disse...

Esses dias fiz uma visita técnica a uma indústria onde não permitiam a entrada de disquetes.. mas nada era dito sobre CDs, DVDs, Pen-drives, dispositivos MP9 de todos os tipos... isso mostra a obselecencia da visão q ainda persiste.

Obs: os computadores nem tinham mais entrada para disquete.