domingo, 18 de abril de 2010

A quem podemos julgar?


Um colega disse que eu estava sendo arrogante com ele.

Certa vez, aprendi com um amigo (de Boston, USA) a frase "
do not shoot the messenger". Isso implica que sempre que recebemos uma mensagem (do tipo daquela do meu colega), não devemos rebatê-la, sem antes refletirmos sobre a mesma. E foi o que fiz...

Por outro lado, aprendi com outro Amigo (de Nazaré, Israel) a frase "
Não julgueis". Isso implica que pessoa alguma é grande o suficiente para julgar outro alguém. Pois o ato de julgar, em si, seria (este sim!) definitivamente arrogante.

Pensemos: quando uma pessoa julga a outra desse modo, quem estaria cometendo uma falta maior: o julgado (acusado de arrogância) ou quem julgou? De quem seria "a arrogância maior"?

É claro que aquele que julga sempre se justifica dizendo:

- Veja que legal que eu sou!... Estou lhe dando um
feedback!....

E, achando-se protegido por detrás dessa frase, somente comprova sua postura covarde e traiçoeira: "a mão que afaga é a mão que apunhala" (sim, apunhala, pois quem realmente quer dar um feedback positivo, não realiza a crítica em público, como o meu colega fez, mas a pratica de forma pessoal e isolada).

O diálogo abaixo, que também é verídico, tem a ver com este assunto, sendo que foi travado em outubro de 1995, entre um navio da Marinha Norte Americana e as autoridades costeiras do Canadá, próximo ao litoral de Newfoundland.

Os americanos começaram na maciota:

- Favor alterar seu curso 15 graus para norte para evitar colisão com nossa embarcação.

Os canadenses responderam de pronto:

- Recomendo mudar o SEU curso 15 graus para sul.

O americano ficou mordido:

- Aqui é o capitão de um navio da Marinha Americana. Repito, mude o SEU curso.

Mas o canadense insistiu:

- Não. Mude o SEU curso atual.

O negócio começou a ficar feio. O capitão americano berrou ao microfone:

- ESTE É O PORTA-AVIÕES USS LINCOLN, O SEGUNDO MAIOR NAVIO DA FROTA AMERICANA NO ATLÂNTICO. ESTAMOS ACOMPANHADOS DE TRÊS DESTROYERS, TRÊS FRAGATAS E NUMEROSOS NAVIOS DE SUPORTE. EU EXIJO QUE VOCÊS MUDEM SEU CURSO 15 GRAUS PARA NORTE, OU ENTÃO TOMAREMOS CONTRAMEDIDAS PARA GARANTIR A SEGURANÇA DO NAVIO.

E o canadense respondeu:

- Aqui é um farol, câmbio!


Reflexão:

Às vezes a nossa arrogância nos faz cegos... Quantas vezes criticamos a ação dos outros, quantas vezes exigimos mudanças de comportamento nas pessoas que vivem perto de nós, quando na verdade nós é que deveríamos mudar o nosso rumo...

Serve para mim. Serve para meu colega. Serve para todos nós.



2 comentários:

Anônimo disse...

Marcos,
Uma vez me perguntaram o que eu achava mais difícil, na vida.
Sem hesitar: Educar.
Esta é a chave, educar a si, colaborar para o de outro.
Nesta situação: O que me ocorre é "O que levou alguem a falar em arrogância?
Certas frases são ditas, não pelo momento, mas talvez por um acúmulo de acontecimentos anteriores. Normalmente com diálogos, porém, talvez sem maior clareza, franqueza. Talvez a Arrogancia, seja um pedido de desabafo, de grito, de saber navegar contra o vento, de querer ser ouvido também.
Um abraço
:o)

Marcos de Lacerda Pessoa disse...

Excelente comentário!

Ao invés de "sua postura covarde e traiçoeira", ficaria realmente muito melhor, bem mais correto e claramente mais apropriado dizer "seu grito de socorro".

Acho que é isso...

Obrigado!